Seguidores e Seguidoras,
Depois do café da manhã no belíssimo hotel onde estamos hospedados, hoje foi dia de conhecer a fundo Jaisalmer, esta cidade perdida no deserto indiano e que se destaca pela pedra amarelo-dourada (arenito amarelo), que se sobre sai ao sol, com que todos os prédios e o forte que reina sobre ela, são construídos. As fotos mostrarão essa particularidade.
Atualmente posto avançado no deserto de Thar, Jaisalmer foi fundada no século 12 pelo maharawal Jaisal, do clã raiput Bhatti. Era um grande centro comercial, com localização estratégica na rota de caravanas para o Afeganistão e a Ásia Central. Os primeiros governantes enriqueceram ao saquear pedras preciosas, seda e ópio das caravanas. Mas por volta do século 16 Jaisalmer havia se tornado uma cidade pacata, cujos ricos comerciantes e governantes competiam para embelezar aquela área desértica com havelis(mansões ricamente decoradas) e palácios magníficos. Feitos com arenito amarelo-dourado, constituem exemplos mais espetaculares da arte de lavrar pedras em Rajasthan. No século 18, com o crescimento dos portos de Surat e Mumbai, a importância de Jaisalmer diminuiu. Hoje ressuscitou em função da guerra da Índia com o Paquistão, já que está próxima da fronteira. Por isso, grandes instalações militares estão aqui, fazendo a cidade renascer junto com o turismo. Mas as construções da época áurea ainda estão em pé, agrupadas em volta do magnífico forte.
Saímos cedo pela manhã, já que o sol do deserto é inclemente, para visitar o Jaisalmer Fort, que na verdade é uma cidade fortificada com cerca de 35 mil habitantes apertados no topo da colina. Ele se ergue como uma miragem fantástica das areias do deserto de Thar, com os contornos ameaçadores de seus 99 bastiões suavizados pelo matiz dourado da pedra. Construída em 1156 pelo maharawal Jaisal, e ampliada por seus sucessores, esta fortaleza está no topo do morro Trikuta, de 80 m de altura. Em tempos medievais, toda a população de Jaisalmer vivia dentro do forte, e, mesmo agora, mais de 35 mil pessoas moram ali, o que faz dele o único forte residencial da Índia. Dentro dos muros há palácios, templos jainistas, mansões, lojas além de muitas residências.
Começamos a visita pela Praça Dussehra Chowk. Festivais, apresentações e cortejos reais ocorriam nessa praça aberta, emoldurada pelo complexo palaciano. O trono de mármore dos governantes dominava a praça. Dali saímos para visitar as labirínticas ruas da cidade-forte, visitando alguns templos jainistas e apreciando a arquitetura, o povo, as lojas e o movimento daquele lugar interessante.
Descemos do forte para a cidade que há séculos se instalou ao seu redor para, principalmente, apreciar as havelis, maior atração de Jaisalmer depois do forte. Construídas no século 19 por comerciantes e ministros da cidade, as mansões dominavam um labirinto de vielas. As havelis de Salim singh, Nathmalji e Patwon constituem os melhores exemplos deste tipo de arquitetura, com fachadas de pedras douradas, cheias de entalhes tão finamente trabalhados que parecem renda. Muitas gerações de famílias inteiras viveram nessas enormes mansões, que costumavam ter aposentos protegidos para as mulheres, nos quais um estranho não poderia entrar. Os pedreiros especiais de Jaisalmer ainda praticam sua arte, em obras de restauração e no exterior para novos patrões ricos, no Golfo Pérsico e na Arábia Saudita. Decidimos visitar a Patwon ki Haveli.
Muito elaborada e enorme, esta haveli foi erguida entre 1805 e 1855 por Guman Chand Patwa, um dos comerciantes e banqueiros mais ricos de Jaisalmer, que negociava sedas, brocados e ópio, e possuía uma rede de postos de comércio que se estendia do Afeganistão até a China. Com seis andares, a mansão dispõe de cinco apartamentos adjacentes, um para cada filho, e 66 balcões. Os beirais curvos dos balcões lembram uma frota de veleiros. As janelas com treliças têm magníficos trabalhos de entalhe. No seu interior pudemos constatar, muito bem conservados, os aposentos de seu proprietário, ricamente decorados, cozinha, salão de audiência, etc., além do pátio interno, que é encontrado em todas as havelis já que era um local protegido para as crianças brincarem e para as mulheres realizarem as tarefas diárias com privacidade. Tudo inédito e muito interessante, sendo imperdível para quem se perder nestas plagas.
Terminada a visita, como o sol do deserto de Thar já estava abrasador, voltamos para o hotel para uma descansada da agitação dos últimos, esperando refrescar para mais dois grandes eventos no fim de tarde. E eles foram impactantes.
Por volta das 17 horas saímos do hotel para conhecer as ruínas de uma cidade que nos impressionaram tanto quanto a visita à cidade de Pompéia na Itália. Seu nome: Kuldhara.
Por volta do ano de 1650, o Marajá que governava esta região, foi visitar o chefes tribais do povo que vivia em Kuldhara. Lá chegando, o Marajá se encantou pela filha do chefe daquele povoado e decidiu levá-la consigo já que pretendia fazê-la sua quinta mulher. Numa afronta impensável para a época, o pai da moça se negou a entregar a filha ao Marajá, já que ela só poderia se casar com alguém de sua crença, o que não era o caso do Marajá. Diante disto, este deixou o povoado indignado, ao que o Chefe do povoado de Kuldhara logo concluiu, como era usual nessas circunstâncias, que no dia seguinte toda a aldeia seria destruída pelo Marajá. Naquela mesma noite, todos da aldeia, milhares de pessoas, conforme o tamanho da cidade e o casario deixam presumir, pegaram os pertences que puderam e fugiram de madrugada para um marajanato vizinho, pedindo proteção e nunca mais retornaram. As ruínas da cidade abandonada estão todas lá. Ruas, templo, casas ricamente decoradas e espaçosas, tudo está lá testemunhando essa diáspora da Idade Média. Esperamos que as fotos possam dar a dimensão desse quase inacreditável evento. É chocante estar ali e sentir o que foi, uma cidade inteira abandonar todo o rico patrimônio que tinham, simplesmente porque alguém não permitiu que sua filha se casasse com o "Rei". Atualmente o governo local está iniciando a restauração para recuperar a exeuberância do que foi aquela cidade.Imperdível, pelo choque que causa a todos os que visitam este lugar ímpar.
Saídos dali, entramos deserto adentro, até encontramos só areia pura e grandes dunas, nada mais. Lá os camelos já estavam preparados para um passeio de uma hora pelo deserto para, onde as dunas eram mais altas, assistirmos o por do sol naquela imensidão de areia.
O primeiro desafio não é montar o camelo no chão. O problema é permanecer sobre ele quando o bicho se levanta. Primeiro ele levanta as patas de trás e se você não se reclinar todo para trás, você necessariamente cai. Seguimos direitinho a cartilha e não caímos, nem mesmo quando fez movimento contrário para se colocar em posição de saída. Assim, puxado por uma criança que disse que o nome do camelo era Michael Jackson, saímos deserto adentro vivendo aquela experiência pela primeira vez. A posição, para nós que não nascemos sobre um camelo, é um pouco desconfortável. Nos lembramos dos nossos amigos Perpétua e Cláudio, quando relataram sua experiência de andar de elefante, também aqui na Índia.
Finalmente no destino, seguimos a mesma cartilha, ao contrário, para apear do camelo e fomos curtir, sentados sobre uma duna, aquele momento mágico do por do sol no deserto indiano. Curtimos em paz e juntinhos, a magia daquele lugar e do momento especial e ímpar. É também para isso que viajamos.
Amanhã sairemos cedo para Bikaner, 300 km daqui. Certamente outras surpresas nos esperam. Tudo estará aqui. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.
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Portão do Forte de Jaisalmer, por onde entramos na cidade do seu interior |
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Brasão, com o sol, símbolo da dinastia de marajás desta região |
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Vista de outra entrada do forte |
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Dussehra Chowk, a principal praça de cerimônias, da cidade-forte |
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Casario da cidade baixa, vista do forte |
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Vista de Jaisalmer, do alto do forte |
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Templo jainista, no interior do forte |
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Visão parcial das muralhas do Forte de Jaisalmer |
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Cena típica da Índia, as vacas impassíveis, no meio das ruas |
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Cenoura da Índia, vermelha ao invés de laranja |
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Elefante entalhado defronte a Nathmalji's Haveli |
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Visão frontal da Patwon ki Haveli, que visitamos |
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Visão lateral da Patwon ki Haveli |
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Visão das ruas de Jaisalmer, com suas havelis |
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Cenas do interior da haveli Patwon ki, por nós visitada |
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Pátio central da haveli, para mulheres e crianças |
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Quarto de dormir, com jogo típico daqui sobre a mesa |
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Dependências onde as mulheres se maquiavam e se vestiam |
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Sala de jantar |
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Sala de estar da haveli |
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Outas vistas do interior da haveli Patwon |
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Vista da cidade de Jaisalmer, com o forte ao fundo |
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Vista das casas ricamente decoradas de Jaisalmer |
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Entrada principal do Hotel Suryagarh, onde estamos |
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Visão panorâmica do nosso hotel, no meio do deserto |
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A impactante cidade abandonada de Kuldhara |
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O templo da abandonada às pressas, Kuldhara |
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As boas residências, de 1650, de Kuldhara |
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Visão parcial das ruínas da grande cidade abandonada numa noite |
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Casario de Kuldhara em fase de restauração |
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O crematório de Kuldhara |
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Casas ricamente decoradas, da abandonada Kuldhara |
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Os blogueiros, já montados no Michael Jakson, para o passeio no deserto |
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Idem com o menino, de costas, que iria conduzir o camelo |
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Nosso guia Jaideep, já montado |
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No destino, foto com os camelos, seus condutores e os blogueiros |
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Paisagens do deserto |
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Os camelos que nos trouxeram, prontos para o retorno |
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Opção de transporte para quem não tem coragem de andar de camelo |
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A blogueira, se preparando para o por do sol |
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Cena de camelo sendo controlado pelo rabo |
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Mais cenas do deserto |
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Os blogueiros, no por do sol no deserto |
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O sol se pondo e a caravana passando |
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Os que não tiveram coragem de montar o camelo |
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O sol se perdendo no horizonte |
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E o sol se pôs no deserto |
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O sol alaranjado no horizonte e a caravana passando |
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O deserto de Thar |
Caros blogueiros,
ResponderExcluira cada publicação fico mais encantada com a Índia. Não imaginava que esse destino reservava tantas maravilhas!
Deve ser incrível presenciar o pôr do sol no deserto. Experiência única, de fato.
Continuarei acompanhando a viagem. Divirtam-se!
Beijos,
Samantha.
dr. narcísio e dirlei,
ResponderExcluirque viagem incrível! as fotos estão lindas!
adorei o passeio de camelo e o por do sol no deserto!
divirtam-se!!!
beijos,
flora.
O Por do sol é lindo em qq lugar, mas no deserto deve ser mais forte, mais espetacular.
ResponderExcluirBeijos
Flávia
Não imaginava tantas belezas na Índia, uma pena os atentados contra as mulheres que vêem acontecendo, vão afugentar os turistas.
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