domingo, 30 de setembro de 2012

Resumo da viagem à Rússia e países suas ex-repúblicas

Seguidores e Seguidoras,


Terminada mais uma aventura pelo mundo, como sempre acontece ao cabo delas, é hora de fazermos um resumo que dê uma visão compacta aos nossos leitores de tudo o que sentimos, tanto no aspecto positivo, como no negativo, da viagem que fizemos pela Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia e Ucrânia.

De plano, como todos puderam perceber, o estilo desta viagem foi completamente diferente das grandes viagens anteriormente feitas. Aquelas, feitas de carro, só com hotel de chegada e de saída, com roteiro maleável que poderia mudar de acordo com o andar da viagem. Um bom guia de viagem nos dava todas as informações que precisávamos. Esta,  totalmente adredemente preparada, com hotéis, transfers, passeios, guias locais, tudo comprado com antecedência.

Logicamente, conforme já dissemos na apresentação da viagem, tudo decorreu do fato de serem precárias as condições daqueles países, especialmente Rússia e Ucrânia, para  viagem solo, de carro. As estradas do interior são precárias, toda a sinalização na língua e alfabeto local, totalmente diferente do nosso, quase ninguém falando inglês e a corrupção imperando fortemente, inclusive no aparato policial, tudo confirmado e constatado no curso da viagem. Ademais, esta foi uma viagem de experiência para as grandes viagens que virão pela frente para as regiões da Índia, China e Oceania, naturalmente intercaladas com viagens no estilo anterior, que ainda temos por fazer.

Logicamente que cada um desses estilos de viagem tem suas vantagens e desvantagens. Nesta última, uma das grandes desvantagens foi a perda de um tempo precioso nos aeroportos nos deslocamentos feitos e também em algumas visitas guiadas, que demoravam mais do que se tivessem sido feitas por nossa conta e com guia impresso. As vantagens são os hotéis de melhor qualidade e mais baratos em função da reserva com grande antecedência. Na viagem de carro, o hotel é contratado a cada dia, o que os encarece. As informações fornecidas pelos guias locais também são mais completas, mas, a administração do tempo e a liberdade que a viagem de carro nos dá, não tem preço.

Enfim, os dois estilos continuarão sendo utilizados por nós, conforme as circunstâncias das próximas viagens assim exigirem.

Os deslocamentos maiores foram feitos na classe executiva da Lufthansa. Não a recomendamos. Tanto na viagem de ida, com saída do Rio até São Petersburgo, como na de retorno, de Moscou a São Paulo, os equipamentos estavam velhos e ultrapassados. A maioria das empresas aéreas com as quais temos viajado nos últimos anos, já renovaram e atualizaram os equipamentos da classe executiva. A Lufthansa não, o que compromete o conforto da viagem. Por isso, não a recomendamos, inclusive porque, o serviço de bordo também não impressionou, salvo o do trecho Moscou Frankfurt, que foi ótimo.

Começamos a viagem por São Petersburgo.  Saímos do Brasil com uma expectativa lá no alto a respeito dessa cidade, pelo que havíamos lido e também ouvido de quem para lá já tinha viajado. Ela, porém, não cumpriu o que dela esperávamos. Seus canais perdem longe em beleza, para muitos que vimos em várias cidades da Europa Ocidental, especialmente Holanda e Bélgica. O mesmo se pode dizer do seu rio, apesar de muito bela a sua visão na região do Ermitage e da ilha da fortaleza na outra margem. Entre os grandes museus do mundo, colocamos o Ermitage em último lugar, em termos de riqueza de acervo e conservação do edifício.

É uma cidade, todavia, que merece ser visitada. Suas catedrais são únicas e belíssimas, especialmente a de São Isaac e a Catedral Ortodoxa do Salvador do Sangue Derramado. O Palácio de Verão, Ekaterina, também é um show, especialmente sua ímpar Sala de Âmbar. O trânsito, a exemplo do que já falamos nas postagens respectivas de Kiev e Moscou, também é um problema para quem depende de carro para conhecê-la, já que constantemente congestionado e com motorista irresponsáveis, causando graves acidentes a todo momento. O povo é neutro mas ainda pouco preparado para receber os turistas já que pouca gente fala inglês. Quando saíamos sozinhos e pedíamos alguma informação, pouquíssima gente falava inglês ou francês, nem mesmo os mais jovens, o que nos surpreendeu, pois tínhamos a informação de que a população mais jovem já estava aprendendo inglês nas escolas como matéria curricular. Nada mais falso.

A compensação, em termos de cumprimento de expectativas veio com Tallin, na Estônia. Um show. A mais européia ocidental das cidades que visitamos. Primeiro que lá já se usa Euro e não as loucas moedas dos outros países que visitamos que valiam entre 0,50 de dólar até 81 dólares. Imaginem a dificuldade para lidar com isso e o cuidado para não ficar com nenhum desses micos na mão. O povo também é mais feliz, receptivo e preparado para o turismo. Dezenas de navios chegam e saem do seu equipado cais, todos os dias.

A cidade de Tallin está toda bem cuidada, tanto na parte moderna, onde ficamos hospedados no excelente Swiss Hotel, quanto no seu belíssimo centro histórico. A vista da cidade do alto de suas muralhas, ou desde a cidade alta, é de tirar o fôlego, o mesmo acontecendo com sua belíssima praça principal. Um lugar muito romântico e belo, que merece ser visitado.

De lá fomos para Riga, na Letônia. Quase tudo o que dissemos em relação a Tallin, pode ser dito em relação da Riga, com um grau a menos. Seu centro histórico é muito interessante, embora de beleza plástica menos privilegiada, a começar por sua grande praça. Ganha, porém, em parques belíssimos, agradáveis, bem cuidados e localizados na área central. O rio que cruza a cidade está bem cuidado e a área da Ópera tem um belo jardim de muito bom gosto. O lindo prédio da House  Of Blackheads, na Praça Ratslaukums, também é um dos seus destaques. O povo é um pouco mais reservado, mas muito respeitoso. O seu trânsito é um dos melhores comparados com os das cidades russas que visitamos. Merece a visita.

De Riga, fomos para Vilna, na Lituânia. Primeiro, o Hotel RadissonBlu, uma rede de ótimos hotéis nos quais nos hospedamos em outros países, aqui não recomendamos, especialmente por sua localização, no outro lado do rio, em relação ao centro histórico e muito distante dele, demandando uma caminhada longa.

A cidade também não nos impressionou. Muito irregular, com um centro histórico não muito atraente, salvo pela praça triangular em frente ao Town Hall, a prefeitura da cidade. A Praça da Catedral e sua grande torre poderia ser mais interessante já que cercada de grande área calçada sem nenhum equipamento ou decoração, salvo a vista do belo e luxuoso Hotel Kempinsky, nas proximidades. Interessante, também a sua principal rua de comércio, a Gedimino, com seu conjunto de prédios recuperados  e comércio variado.

Na Lituânia fizemos, desde Vilna uma visita à cidade de Kaunas, antiga capital do País. Um cidade localizada num local plasticamente bonito,  na confluência de dois grandes rios, o Nemuras e o Neris, formando um maior com o nome do último. Tem também um potencial turísticos muito grande, mas ainda demanda um pouco mais de investimento para recuperação do casario de suas principais ruas, a Vilnaus e a bem arborizada e com calçadão, a Laivès. Dentro de poucos anos ficará muito mais interessante.  Á área do seu principal rio está bem aproveitada e urbanizada, inclusive com o moderno estádio de basquetebol, a paixão nacional. Destacamos  o seu inédito museu do diabo, muito original, interessante e engraçado de se ver. Para quem está em Vilna, achamos que vale essa chegadinha em Kaunas.

No que toca a Trakai, cidadezinha distante cerca de 30km de Vilna, vale somente pelos grandes lagos que a cercam e pelo Castelo fotogênico em uma de suas ilhas. A visita a ele, não vale muito a pena já que foi recentemente reconstruído, está com cara de coisa moderna e com poucas coisas interessantes para se ver. Vale a pena somente se for num dia de sol, porque as paisagens da região são lindas. 

O povo da Lituânia, ainda em transição entre o regime fechado da antiga União Soviética, não adquiriu, também, muito traquejo para receber o turista, tem problema com a comunicação em inglês, inclusive em relação aos jovens e continua muito ressentido pelos flagelos que a ele foram impostos pelo regime comunista.

Da Lituânia fomos para Kiev, na Ucrânia,  o maior país em termos de território, na Europa, perdendo apenas para a Rússia. Nossa expectativa também era muito alta em relação à grande Kiev. Se cumpriu apenas parcialmente. Grande destaque é a Catedral de Santa Sofia e a grande praça nas suas proximidades e as tumbas subterrâneas do Monastério de Pechersk Lavra, além do museu a céu aberto para relembrar os mais de 4 milhões de mortos pela política de fome de Stalin, em 1932/33. Tem uma majestosa avenida principal, a Khreschtyk, que redunda na grande Praça da Liberdade, mas que poderia ser um pouco mais bem cuidada para ser tão bela de dia, como o é à noite, com sua iluminação abundante.

O povo convive normalmente com a corrupção e uma boa parte dele ainda morre de amores pelo regime comunista. O trânsito, se coaduna com a corrupção generalizada, por todos mencionada. Primeiro, foi a maior concentração de carros de alto luxo por m2 que já vimos em qualquer cidade até hoje. Rolls Royce e  Bentleys de milhões de dólares, a rodo. Tanto as ruas como as calçadas e passagens de pedestres são totalmente dominadas pelos carros, conforme mostramos, inclusive com fotos. Todos estacionam sem qualquer constrangimento sobre as calçadas mais movimentadas, salvo as da rua principal (só em menor proporção), fazendo com que os pedestres tenham que se desviar entre eles para poderem circular. Em algumas situações, os pedestres têm que ir para o leito da rua para poderem ir em frente, com sérios riscos de atropelamento, pois as velocidades são absurdas. Assistimos lá uma cena inédita. Um Audi A8, entrou numa calçada onde só restava o espaço da largura do carro para os pedestres. Pensávamos que ele iria entrar logo, em um estacionamento, mas não. Seguiu em frente, à perder de vista, fazendo com que todos os pedestres tivessem que se abrigar em recuos ou terrenos para não serem atropelados. Este o melhor retrato de Kiev. Uma pena. Uma cidade com um potencial turístico tão interessante, mas empanado pela corrupção generalizada.

De Kiev, finalmente chegamos à grande Moscou. Para começar, fomos apresentado ao trânsito caótico da cidade, enfrentando um monstruoso engarrafamento entre o aeroporto e o ótimo Savoy Hotel.  Falaremos mais tarde do trânsito. O que importa é que Moscou surpreendeu-nos como uma cidade muito interessante e que vale muito a pena ser visitada. Nos surpreendeu positivamente. A Praça Vermelha, o Kremlin, este mais lindo à noite do que de dia visitando o seu interior. Aliás, Moscou é lindíssima à noite. A visão do Kremlin, desde o outro lado do rio é de tirar o fôlego. E tem o seu imperdível Metrô, cujas estações que mais parecem catedrais, foram construídas pelo regime como propaganda política mas que hoje, além de desafogarem o caótico trânsito, nos deliciam com sua beleza sem par. Bem explorada tem ruas interessantíssimas como a histórica e comercial Arbat e bela Tverskaya, com seu exótico mercado dos ricos num prédio que parece mais um palácio com toda sua decoração luxuosa. E tem o  cultural e sofisticado Teatro e Ballet Bolshói.

Ainda em Moscou, num tour a Vladimir e Sùzdal, pudemos conhecer o interior da Rússia, pelo menos naquele trecho de 220 km, muito feio e mal cuidado. Em Vladimir, antiga capital, pouco para se ver, salvo a antiga cadeia política e hoje comum, localizada num dos mais nobres sítios da cidade e o promontório onde repousam os restos do seu Kremlin e sua Catedral, a visão sem fim da grande planície que é a Rússia. 

Em Sùzdal, ali próximo,  uma profusão de torres aceboladas e coloridas de suas 33 igrejas, numa cidade tão pequena e o seu Museu de Arquitetura de madeira, que nos transportou ao modo de vida dos antepassados daquela região, em suas engenhosas casas de madeira, com uma grande estufa no seu centro. Pena que a cidade está muito mal cuidada, apesar de ser um centro turístico muito importante da Rússia.

Na viagem pelo interior, de uma vez por todas nos convencemos de que foi acertada a decisão de lá não viajar de carro. Tanto nas cidade de Moscou, como no seu interior, os motoristas são perigosos. Velocidades extremadas nas ruas da cidade e nas estradas resultam em atropelamentos e acidentes gravíssimos, de muitos dos quais, quase fomos testemunhas, porque por eles passamos segundos depois. Mortes e destruição total dos carros. Os russos ficaram décadas sem poder ter um carro. Agora abusam dele. Os prédios antigos somados aos  que o regime construiu sem garagens, porque o povo não tinha direito a carro resultam num caos de carros estacionados em todos os lugares, em fila dupla e inclusive sobre as calçadas. Hoje os carros congestionam todas as suas cidades e em maior proporção em Moscou. Para complicar mais ainda, os motoristas têm o péssimo hábito de fechar os cruzamentos quando o sinal fecha.  Eles ainda têm tudo a fazer neste particular. E o País está parando.

Para finalizar a viagem, uma grande e enriquecedora surpresa: Kazan, na República do Tartaristão, nas estepes mongóis. Para lá deveriam ir os brasileiros envolvidos com a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, para aprenderem como se prepara uma cidade e/ou país para grandes eventos. Eles vão receber a Universíade Mundial, em 2013, o Campeonato Mundial de Natação em 2014 ou 2015 e serão sede da Copa de 2018. A cidade já está belíssima e vai dobrar essa beleza ao fim desses eventos. Não tem prédio, não tem rua, não tem calçada, no centro da cidade que já não esteja pronto ou em obra com trabalhos de dia e de noite. E tem o aeroporto, o metrô, as estradas, rodovias, pontes e ferrovias. Tudo quase pronto. Por isso a cidade em poucos meses cresceu de um milhão e duzentos para um milhão e quinhentos mil trabalhadores. 

Exemplo mais gritante dessa radical transformação, foram as ruínas de um prédio perto do nosso Hotel, o Marriott. Quando chegamos, estava lá, abandonado. No penúltimo dia da nossa visita, passamos por ele e dois trabalhadores estavam esticando uma linha na calçada para preparar o tapume de proteção para a obra. Na manhã seguinte, o tapume estava pronto e a obra de recuperação iniciada. 

O seu Kremlin, totalmente restaurado, é tão lindo de dia, como de noite. As ruas Kazan e Bauman, belas são uma delícia para se caminhar. Os seus Rios Kazan e Volga e a mistura do Mongol e do Russo estão fazendo dessa cidade uma das mais lindas e interessantes da Rússia. e um povo de beleza exótica. Em breve, muito mais. Uma cereja, no bolo da nossa viagem. Lá a encerramos.

Valeu muito a pena. Países, cidades e povos bem diferentes dos que usualmente já conhecemos. Muito acrescentou à nossa cultura e àquilo que almejamos em nossas andanças pelo mundo. Conhecer na inteireza os povos, sua história, sua cultura, sua alimentação, seu meio ambiente, sua beleza. Os objetivos foram amplamente alcançados e nos motivaram para outras que em breve virão.

Por fim, gostaríamos de agradecer aos amigos, conhecidos e anônimos que quebraram o record de acesso neste sítio. Quase 1700, só nesse período. Agradecer também aqueles que enriqueceram muito a viagem com suas mensagens e sugestões e, porque foram assíduos em suas mensagens de incentivo, apesar de também estarem viajando, uma homenagem especial aos nossos grandes amigos Brandão e Eloísa, amantes de viagem como nós (www.paulodetarsobrandao.blogspot.com) e que quase diariamente se fizeram presentes com seus comentários  criativos e motivadores.

Já temos na cabeça um turbilhão de opções para a próxima viagem. Quando decidirmos, tudo estará aqui para deleite de quem, como nós, ama a vida e trabalha com prazer para gerar recursos para curti-la o mais intensamente enquanto tivermos saúde.  Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.









quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Kazan - Imperdível

Seguidores e Seguidoras,


Ontem, decorrência do vinho tomado na comemoração do niver do blogueiro, não houve postagem. Por isso, agora, lá vai tudo o que vimos nesta encantadora Kazan.

Kazan é a capital de uma das repúblicas russas, com quase total independência,  com presidência,  administração e orçamento próprios. A República do Tartastan. A maioria do povo é tártaro, de origem mongol e de um antigo povo Búlgaro do Rio Volga, que originou, também, a Bulgária. Os tártaros têm língua própria, escrita nos alfabetos russo, tártaro e latino. A cidade conta mais de 1 milhão e 500 mil habitantes. É o maior centro econômico, científico e cultural do centro da Rússia.

Por estar se preparando para as Universíades Mundiais em 2013, o Campeonato Mundial de Natação em 2014 e a Copa do Mundo em 2018, a cidade está sofrendo uma radical transformação e restauração, grande parte já concluída, o que a está tornando uma das mais belas cidades de toda a região que visitamos e, não temos dúvida de que, quando totalmente pronta, em cerca de um ou dois anos, será sem dúvidas, uma das mais belas cidades da Europa.

Neste particular, é de ser destacado o contraste com o Brasil, que também está se preparando para eventos grandiosos. Aqui é totalmente visível a transformação. Não tem quadra por onde você passe que não há uma obra em franco desenvolvimento. Não há um prédio público ou particular, nas principais ruas da cidade, que já não foi ou está sendo reformado e embelezado. As Ruínas de prédios antigos, parcialmente já caídos, estão cercados e sendo reconstruídos, com preservação da fachada, para construções de hotéis, restaurantes, etc. O povo aderiu integralmente aos projetos. O entusiasmo de todos, e o ritmo acelerado de todas as obras, incluindo aeroporto, estradas e trilhos de acesso, metrô e pontes nos dão a certeza absoluta de que, em pouco tempo ela pronta, ficará, como já é, uma delícia para se visitar, uma maravilha de cidade.

Ontem pela manhã, a Anastácia, a guia contratada para nos apresentar a cidade, nos levou, primeiro, para conhecer o mais importante sítio turístico de Kazan, o seu Kremlin, que é tombado com patrimônio da Unesco. Já está com sua restauração completa. Construído aos poucos com o passar dos séculos ele data de antes do século XV e  no seu interior está o prédio da administração da república, a residência do presidente, uma mesquita construída  em 2005, antiga casa da Cavalaria, uma grande torre do século XV e a Catedral da Anunciação, o mais velho prédio de pedra  que sobreviveu às várias guerras enfrentadas pela cidade. Foi construída entre 1561/62 e tem um interior ricamente decorado, conforme são todas as igrejas ortodoxas que visitamos nesta viagem. 

Do alto do Kremlin se tem uma visão completa da cidade de Kazan e seus rios Kazand e Volga, a região onde foi construído recentemente o Ministério da Agricultura, mas em estilo clássico e onde também estão as mansões e mais ricos prédios residenciais de Kazan, todos com visão dos rios e do Kremlin. Um lugar florido, bem calçado, bem preservado tornando sua visita além de agradável, imperdível para quem por aqui passar.

Tão logo saímos do Kremlin demos de frente para a  Avenida Kazan Neva, em cuja entrada está uma praça com o prédio da Prefeitura, o Museu Nacional e uma enorme estátua de um jovem poeta Tártaro que foi preso em Berlim, durante a 1ª Guerra Mundial, onde escreveu dois pequenos livros de poesia e lá morreu. Colegas de prisão que sobreviveram conseguiram trazer os livros pra Kazan, onde hoje ele é considerado um de seus heróis. Referida rua está toda recuperada, com amplas calçadas arborizadas e com a maioria dos prédios históricos ali localizados já recuperados e em sua beleza plena. Uma rua muito gostosa para caminhadas, tanto de dia quanto de noite.

Ali próximo está a Catedral de São Pedro e São Paulo, construída no início do século 18, por Ivan Mikhlyaev, em homenagem a Dom Pedro I, o daqui. Sem experiência em construções, o prédio foi mais pesado do que as bases suportavam e ruiu. Dom Pedro, então, mandou para cá seus melhores arquitetos e hoje podemos admirar esta diferente igreja, decorada com o mais legítimo Barroco Russo/Lituano.

De lá fomos para a região das Universidades, o orgulho do povo da cidade e para onde acorrem estudantes de toda esta região. Lá está a estátua Lenin quando ele era jovem e estudante aqui.  Dali foi expulso por ali iniciar suas lutas revolucionárias. Nesta região estão também os prédios do Ballet de Kazan, o Teatro, a Ópera e importantes prédios da arquitetura local bem preservados, como a Casa de Kushaevs, construída em 1862, e a residência sede da Conferência dos Tártaros espalhados mundo afora.

Muito ali próximo está uma região histórica da cidade onde ainda estão preservadas várias casas de madeira muito antigas, típicas residências dos tártaros que aqui aportaram.

Ali também pudemos entrar, depois de tirados os sapatos, numa mesquita islâmica, religião forte por aqui. Lá dentro destacam-se as salas onde rezam os homens e outra, separada, onde rezam as mulheres. Fomos muito bem recebidos pelos Mulás que lá estavam.

De lá, seguindo largas, belas, mas congestionadas avenidas, fomos até a principal rua de comércio e histórica da cidade. A  Rua Bauman, um largo calçadão, com torres, igrejas, o Banco nacional, todo tipo de lojas, restaurantes, bares, café, várias esculturas de ferro, como a fonte das pombas, uma carruagem e um gato gordo e preguiçoso, em homenagem ao fato da Rainha Catarina ter vindo aqui e estranhado que não tinha ratos, comuns naquela época. Disseram-lhe que era obra dos eficientes gatos daqui. Ela levou uma centena deles para o seu palácio em São Petersburgo e lá também mostraram sua eficiência. A homenagem a eles também está no calçadão.

Ali nos despedimos da guia e passamos a explorar a cidade por nós mesmos. Demos uma caminhada pela rua Pravo-Bulachnaya,  um grande  canal  com ruas e calçadas em cada um dos seus lados e com vários prédios históricos e administrativos além de todo o tipo de comércio. As ruas dali vivem totalmente congestionadas durante todo o dia, fruto do fato de que as sinaleiras ainda não foram colocadas nas ruas recém recuperadas e ausência total de guardas para suprir esta lacuna. E assim é por toda a cidade. Um caos no trânsito. Chegamos a ver uma grande camioneta subir na calçada, ultrapassar todo mundo até o fim e lá encontrar um tolo que lhe permitiu reentrar na rua.

Demos mais umas voltas, tomamos um café, voltamos para o Hotel para um descanso e à noite, num dos melhores restaurantes da cidade, na Rua Kazan Neva, antes mencionada, onde, entre salada ricamente decorada, sirloin rib eye medium, um tinto Crianza espanhol e uma sobremesa com o melhor strudel que já comemos na vida, foi comemorado o niver do blogueiro. O vinho e a comemoração não permitiram que esta postagem fosse feita ontem. Aqui está. Se alguma coisa interessante ainda visitarmos hoje, faremos mais uma postagem. Caso contrário, só o resumo da viagem, como sempre fazemos, quando chegarmos ao Brasil, já que amanhã iniciaremos cedo o retorno para chegarmos no sábado em Floripa. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.

Fachado do Kremlin de Kazan, tombado pela Unesco

Os blogueiros, em frente à entrada do Kremlin

Alamedas do Kremlin de Kazan, floridas e bem calçadas

Catedral da anunciação, interior do Kremlin, prédio de pedra mais antigo da cidade

Outra visão da Catedral da Anunciação

Vista desde o Kremlin, do prédio de Ministério da Agricultura e da região rica da cidade

Igreja localizada no bairro dos ricos

Palácio do governo da República Tártara

Visão da torre localizada no complexo do Kremlin

Visão de vários prédios no interior do Kremlin

Residência do Presidente, no interior do Kremlin

Bela alameda do Kremlin que dá no portão de entrada

Mesquita de 2005, no Kremlin de Kazan


Antiga cavalariça, Kremlin

Catedral de São Pedro e São Paulo, em estilo barroco russo/lituano

Teatro do Ballet de Kazan

Prédios da universidade de Kazan

Casa estilosa, de Kushaevs

Antiga casa tártara, de madeira, no centro histórico

Sala de orações dos homens na Mesquita no centro de Kazan

Decoração da mesquita

Sala de orações das mulheres, na Mesquita no centro histórico de Kazan

A famosa rua Bauman

Estátua de um famoso cantor daqui, rua Bauman

À direita, prédio do Banco Nacional,  na Bauman, que por séculos ficou construído só pela metade até que os proprietários do terreno vizinho morressem, quando a outra metade foi construída

McDonalds, em russo, na Rua Bauman

Esculturas em ferro, na rua Bauman


Visão do Kremlin desde a rua do Canal

Rua do Canal, com grafites nas paredes

Nem tudo é perfeito. Grande painel de publicidade prejudicando a visão do Kremlin

Congestionamento permanente nas ruas de Kazan

Visão geral dos muros do Kremlin

A entrada da bela rua Kazan Neva, com a prefeitura à esquerda e o Museu Nacional, à direita

Rua Kazan Neva

Estátua do Leni jovem, na região das Universidades





terça-feira, 25 de setembro de 2012

Kazan - Uma bela surpresa

Seguidores e Seguidoras,


Hoje foi dia de transição entre Moscou e Kazan, bem no interior da Rússia. O voo durou cerca de 1hora e 25 minutos. Quando chegamos no aeroporto, ficamos um pouco assustados já que não víamos cidade por perto, o avião parou na pista, pegamos um ônibus que saiu da pista para fora do aeroporto. Logo descobrimos que a cidade está construindo um aeroporto novo e uma parte está num lugar e outra noutro, bem distante. Quando o transfer pegou a estrada, percebemos que o aeroporto fica há mais de 20 km de Kazan. Constatamos, também, que a cidade é candidata a sede da Copa de 2018 e está em completa reforma. Tudo, desde estrada de ferro para o aeroporto, acessos á cidade, tudo.

Chegamos no hotel no finalzinho da tarde, já que o avião atrasou cerca de meia hora e pegamos congestionamento na entrada da cidade em função da construção de um elevado. Quando saímos para dar uma primeira volta de reconhecimento, tivemos uma ótima surpresa. A cidade está em pleno estado de reestruturação, com a maioria dos seus prédios restaurados e pintados e os que ainda não estão, a reforma está em andamento. As principais ruas bem cuidadas, com boas calçadas, bem iluminadas e arborizadas. Percebemos, porém, algo em comum com outras cidades da Rússia. Tem muito congestionamento.

O Kremlin, líndíssimo, todo bem cuidado e pintado e, à noite, maravilhosamente iluminado, como mostrarão as fotos.

Enfim, era anoitecer e foi apenas uma primeira olhada. Estávamos preocupados que fosse uma Vladimir. Engano nosso. Parece-nos muito promissora e talvez, uma das mais belas cidades que visitaremos nesta viagem. Pelas circunstâncias, publicaremos apenas duas fotos noturnas para aguçar a curiosidade para a postagem de amanhã, quando iremos mais fundo.  Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.

Kremlin de Kazan, em fotos noturnas

Mesquita, no Kremlin de Kazan

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O metrô de Moscou

Seguidores e Seguidoras,


Hoje o dia foi de descanso pela manhã e visita guiada pelo famoso Metrô de Moscou, no período vespertino. O guia chegou ao hotel por volta das 14,30 horas e, a pé nos dirigimos à estação da Praça Vermelha, que fica aqui bem próximo, onde começamos o tour.

O Metrô de Moscou teve sua construção iniciada em 1931, para melhorar o transporte público da cidade e como fator ideológico de propaganda comunista, tanto que aquelas construídas originalmente e no auge do regimão, têm vários motivos relacionados à revolução russa. Os trens começaram a circular em 15 de maio de 1935, quando foram inauguradas  suas primeiras 13 estações. Hoje já são 174 e continuam expandindo seus mais de 300 kms de linhas. As novas estações não trazem a pujança das primeiras, nas quais foram utilizadas vinte espécies de mármore vindos dos Montes Urais, Altai, da Ásia Central, Ucrânia e Cáucaso, além de outras tantas variedades de pedras preciosas, como o ônix, o granito a rodonita e o pórfido. Os solenes salões das estações estão decorados por estátuas, baixos relevos, mosaicos e vitrais.

Uma das mais belas estações é a Mayakovskaia. Tem aspecto elegante e majestoso. Seu salão se destaca por esbeltas colunas com inoxidável e granito vermelho. As abóbodas do teto contém toda espécie de mosaicos do pintor A. Deineka. Em 1937, os autores dessa estação foram premiados com o Grand Prix, na Exposição Universal de Paris. Nesse mesmo evento as primeiras estações do Metrô de Moscou receberam o prêmio por excelência em  urbanismo subterrâneo.

Outra estação das mais destacadas é a Kievskaya-Koltsevaya, de 1954, executada pelos arquitetos E. Katonin, V. Skúgarev e G. Gólubev. Lindos candelabros e molduras com pinturas nas paredes, dão a sensação de que você está num dos diversos palácios europeus.

A Estação da Praça da Revolução, de 1938, do Arquiteto A. Dushkin, se destaca por suas diversas esculturas homenageando os revolucionários, com homens e mulheres com armas, instrumentos de trabalho, livros, etc. A estação Arbatskaya, também se destaca pelos belíssimos candelabros, ao passo que a Komsomolskaya-koltsevaya, além dos candelabros, tem o teto com belíssimas molduras com armas e brasões e outros símbolos.

Outra coisa que impressiona no Metrô de Moscou é a inacreditável profundidade dele. Em algumas delas você desce radicalmente cerca de 70 a  90 metros solo adentro e, lá embaixo, desce mais um pouco para pegar outras linhas que por ali cruzam. Como já dito em postagem anterior, cada uma dessas escadas rolantes é iluminada por luminárias diferentes.

Hoje, o Metrô de Moscou transporta cerca de 3 milhões de passageiros por dia. Nele se pode cruzar a grande Moscou de um extremo a outro em cerca de 50 minutos, algo impossível de se fazer de carro.  O ticket custa cerca de um dólar e vale enquanto você não sair dele. Para quem não é russo é difícil circular por ele, já que tudo é escrito no diferente alfabeto daqui que não tem nenhuma similitude com o nosso. Você se sente analfabeto dentro dele. Essa é a crítica que a ele tem que ser feita, mormente porque, por ele, transitam muitos turistas, a maioria deles com guias, para não se perderem no seu labirinto de linhas e estações. Uma visita imperdível para quem passar por Moscou.

Feita a visita, no fim da tarde fomos dar uma última volta pela cidade, passeando pela região da sua principal rua de comércio, a Tverskaya, onde, numa de suas transversais, sentamos num café para um chocolate quente e alguns quitutes, já que estava muito frio e chovendo lá fora, e onde conversamos acerca da beleza da cidade e sua gente, mas também do excesso de fumantes (a perspectiva de vida de um homem é de 66 anos) e do quão perigosos motoristas e pouco educados eles são.  Uma cidade que merece ser visitada, por tudo o que relatamos aqui neste espaço nos dias que aqui estivemos. 

Amanhã é dia de pegar o voo para adentrarmos fundo na Rússia, com destino a Kazan e, se der tempo, a Bulgar. Tudo será aqui relatado. Aguardem. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.

Mostra da profundidade do Metrô de Moscou

Estação da Praça da Revolução, com suas esculturas marcantes

Esta e as próximas são detalhes das esculturas da estação da Praça da Revolução



Estação sob a estação ferroviária, simbolizada por molduras de ferro nas laterais

Esta e as duas próximas, inclusive com os blogueiros, são da linda estação Komsomolskaya-koltsevaya



Esta estação se destaca pela colunatas de mármore

Uma das mais belas, a estação Kievskaya

Mosaicos premiados, no teto da estação Kievskaya

Estação sob os teatros com motivos que a isso se referem, como atores e dançarinos

Shopping ladeado por restos da antiga murada e primeira entrada da cidade

Paredão de prédios do regime soviético que se destaca da principal rua de comércio, a Tverskaya

Rua Tverskaya