domingo, 3 de março de 2013

MUMBAI - AURANGABAD

Seguidores e Seguidoras,

Ontem foi um dia especial das nossas vidas já que completamos 28 anos de casados. Obviamente houve um jantar especial, ao ar livre, aqui no Taj Residency, em Aurangabad, com muito vinho, o que acabou inviabilizando a postagem ontem. Por isso, aqui o relato e as fotos de ontem e de hoje.

Ontem o dia começou com um passeio a pé, por nossa própria conta, pelo centro mais antigo de Mumbai. Primeiro visitamos o seu monumento mais famoso, o Portal da Índia, que fica nas proximidades do hotel. Referência mais famosa de Mumbai, o Gateway of Índia era o primeiro a saudar os que chegavam no litoral indiano durante o apogeu do raj britânico. Por ironia, serviu também de porta de saída das tropas britânicas, após a independência do país, em 1947. Foi erguido para comemorar a visita do rei Jorge V e da rainha Mary, em 1911, a caminho do Dubar de Délhi, mas de fato o rei e a rainha encontraram, na verdade, uma estrutura feita de papelão. O verdadeiro Arco do Triunfo, feito de basalto bege, só foi terminado em 1924. Dele se tem uma vista espetacular do mar e à noite, se destaca por receber uma iluminação para contrastar com o mar escurecido que se estende até o horizonte. Para visitá-lo, como tudo na Índia, tem que passar por um posto de checagem por causa do terrorismo.

A propósito, o hotel Taj de Mumbai, onde ficamos, sofreu um atentado, com muitas mortes, poucos anos passados. Por isso, quando chegamos, nosso carro foi parado numa barreira posta na entrada do hotel, feita a revista no motor, debaixo e no porta-malas, além de detector em nossos corpos e na bagagem, inclusive de mão. E assim é em todos os aeroportos, hotéis e principais monumentos turísticos.

A visita ao Portal da Índia é um pouco extressante porque devido ao insistente assédio dos vendedores ambulantes. 

Dali saímos para uma visita na região mais central e bonita da cidade, conhecida como Kala Ghoda. Infelizmente, vários prédios clássicos, do tempo da dominação inglesa, estão todos muito desgastados e, embora ocupados, a impressão que se tem é que não receberam qualquer conservação desde então. O trânsito, como em toda a Índia, é caótico. Mesmo com o sinal aberto para pedestre, os carros continuam passando em meio aos pedestres e estes, com sinal fechado, se esgueiram por meio dos carros em movimento. A região é bem arborizada mas tem um pouco da sua beleza desbotada, porque as árvores estão com suas folhas carregadas da poeira da poluição e, como só chove nas monções, ficam um um aspecto de sujeira.

A visita a Mumbai só vale para quem entra no país por ali e um dia basta. Poucas atrações que valham realmente a pena e a poluição do ar faz com que a visão de tudo perca o brilho e faz com que os prédios e o mar só posam ser vistos com clareza de perto, porque ao longe ficam literalmente escondidos pela poluição. A garganta e as vias respiratórias também sofrem. Um problema grave e acerca da solução, nada se houve a respeito.

No final da tarde de ontem, pegamos um voo pela Jet Airlines para adentrar 400 kms  para o interior da Índia, até Aurangabad. Do alto divisamos, primeiro, uma região quase desértica, depois uma região montanhosa de escarpas íngremes e, por fim, mais perto do nosso destino, uma região de intensa agricultura. Uma dica importante para os voos internos é limitar a bagagem de mão a 20 kilos, porque eles cobram bem o excesso. Como eles na pesam a bagagem de mão, a dica é colocar tudo o que é mais pesado nela e assim não pagar o excesso.

Chegamos em Aurangabad no início da noite. Uma cidade de cerca de 1 milhão e meio de habitantes, sem poluição, mas com o mesmo trânsito bagunçado, ruas e prédios mal cuidados. O hotel, todavia, é um oásis de beleza e natureza.Todo branco, com cúpula e pequenos minaretes lembra um palácio árabe. Nossa suite é bem espaçosa, com vista para uma grande piscina no meio do verde.

À noite, o jantar foi montado num pátio externo, voltado para um gramado, com majestosas palmeiras iluminadas e consistiu num buffet de carnes variadas assadas na hora e a pedido, com vários acompanhamentos de comidas típicas. Tudo acompanhado com um cabernet sauvignon australiano(como oferecem vinho australiano por aqui) que desceu redondamente. Durante o jantar, num palco colocado no gramado, músicas, cantos e danças típicas da região. Uma noite maravilhosa e inesquecível.

Hoje acordamos cedo porque o programa era longo já que fomos visitar um local impressionante e imperdível, o Patrimônio da Humanidade, as cavernas de Ajanta. Simplesmente espetacular. Desde Aurangabad são duas horas de carro. Lá próximo, um ônibus leva os turistas montanha acima até este famoso monumento da Índia.

30 cavernas, escavadas na rocha, encontram-se em uma escarpa, na forma de ferradura, voltada para a estreita garganta do rio Waghora. As cavernas foram ocupadas por  apenas um período curto e, com o tempo, a floresta  que as cercava escondeu sua existência. Elas foram redescobertas sem querer, em 1819, quando John Smith, da 28ª Cavalaria de Madras, avistou o topo de uma das cavernas, por onde entrou um tigre que ele estava caçando. As cavernas de Ajanta formam dois grupos. O mais antigo pertence à fase austera do budismo, a hynayana(séculos 2º e 1º antes de cristo) durante o qual o Buda não era representado na forma humana, só por símbolos como a Roda da Lei ou a Árvore da Iluminação. O segundo grupo data do período da mahayana(séculos 5º e 6º), esculpido no governo da dinastia  Vakataka, quando a expressão artística ganhou exuberância. As cavernas eram habitadas por monges, pintores e artesãos, que as usavam como santuário das monções. Quanto ao estilo, elas são de dois tipos: chaityas gribas(salões de oração) e vibaras(mosteiros). Os salões de oração têm o teto abobodado e colunas octogonais que dividem os espaço em um salão central, com um objeto de adoração; e as naves laterais são usadas para uma espécie de romaria ao redor. Ali também vemos imagens do Buda. Os mosteiros típicos possuem varanda, salão cercado de celas onde ficam os monges e santuários internos com figuras enormes do buda. Esperamos que as fotos possam refletir tudo isso, apesar de tiradas sem flash, na penumbra.

Das sete cavernas do século 5º, a caverna 1 é famosa pelos murais. Acima das varandas existem frisos com cenas da vida do Buda e o teto é sustentado por 20 pilares entalhados e pintados. A caverna 2 possui fachada requintada, com entalhes dos reis Nagas e seu criados, e o santuário principal dispõe de teto com pinturas magníficas.

As cavernas 8,9,10, 12 13 e 15 são hinayaras, ou seja, construídas antes de cristo. A caverna 9, uma chaitya griba, tem fachadas com janelas e treliças. As grandes imagens de Buda ao longo das laterais foram colocadas depois, no século 5º e há murais dos dois períodos. Imagina-se que a caverna 10 seja a mais antiga de Ajanta e data do século 2º a.C. A parede esquerda possuiu um mural milenar: friso que retrata um príncipe adorando a árvore da iluminação.

As cavernas 15 até 20 são mahayanas, do fim do século 15. A caverna 16 conta com esculturas de belas donzelas ao lado do portal, ao passo que a caverna 17 a entrada para o santuário interno é enfeitada com figuras de Buda, de deusas e flores de lotus. O grupo final é o das cavernas 21 a 27 (século 7º). A caverna 26 exibe a grandiosidade da arte Ajanta. Vale a pena observar dois painéis esplêndidos: Um retrata a tentação de buda pelo demônio Mara, enquanto o Parinirvana é uma estátua de 7m de Buda , deitado, com olhos fechados, como se dormisse. Seus discípulos lamentam sua morte, enquanto acima seres celestiais alegram-se com a salvação dele.

Realmente um lugar imperdível e impressionante. Aconselhamos levar muita água, protetor solar, cobertura para cabeça e meias próprias para caminhada já que necessário tirar os sapatos nos templos onde exitem afrescos.

Amanhã, outra grande atração nos espera. Ellora e o Templo Kailasanatha. Nos aguardem porque as informações que temos a respeito nos deixam cheios de expectativa. Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei. PS. 


Prédio na região central de Mumbai, com as plantas sujas de poluição

Visão do Hotel Taj Palace Mumbai, desde a piscina

Outra visão do Hotel Taj Palace Mumbai

Avenida beiramar de Mumbai
Idem

Mesquita, numa ilha do mar, em Mumbai

Caravana de trabalhadores nômades, indo com seus pertences para se instalar no local onde vão trabalhar

Mandala, no teto de uma caverna de Ajanta

Macacos transitando livremente nas cavernas de Ajanta

Os blogueiros, com visão ao fundo das cavernas

Idem

Caverna com teto de lavas de vulcão

Imagem do Buda na entrada de uma das cavernas

Imagem do Buda que se repete em todas as cavernas esculpidas depois de cristo

Esculturas dentro de uma caverna

Caverna com teto de lava, com a entrada da reclusão dos monges

Outra visão geral das cavernas de Ajanta

Imagem do Buda noutro templo budista das cavernas de Ajanta

Fachada da caverna 19, um templo

Esculturas externas dos templos

Templo construído antes de cristo, com flor de lotus no teto

Templo do século 2, antes de Cristo

Os blogueiros, entre duas portas de reclusão dos monges

Elefante esculpido na rocha, na parte externa das cavernas

Imagem do Buda ao fundo das cavernas/templo

Afrescos de Vivandara Jataka, na caverna 17

Templo esculpido antes de cristo

Os blogueiros num dos templos mais antigos, nas cavernas de Ajanta

Visão geral das cavernas de Ajanta

Portal externo do maior templo

A blogueira, em frente ao Buda morto, na Caverna 26

Sucessão de esculturas num corredor do templo 26

Imagem do buda morto, com assistentes tristes embaixo e seres do paraíso alegres pela sua chega, acima

Imagem comum na Índia, mais de dois na moto, com as mulheres de sari, sentadas de lado















2 comentários:

  1. Além de acusar que estamos na carona, o principal motivo desta manifestação é cumprimentá-los pelo aniversário de casamento (comemorado em alto estilo). Um grande beijo.
    Paulo e Heloisa

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  2. Nossa, fiquei impressionada com as esculturas nas cavernas. Parabéns pelas fotos, pelo relato e, principalmente pelo aniversário de casamento. Curtam bastante!!!

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