quinta-feira, 14 de março de 2013

Bikaner, Grows e Camelos

Seguidores e Seguidoras,


Ontem, hospedados num palácio em Bikaner, ainda no deserto indiano, a internet tinha um sinal muito fraco e não permitiu a postagem. Por isso, aqui vai ela.

Primeiro, um fato inédito. Ontem à noite choveu no deserto. Fato raríssimo. O pessoal disse que fomos nós que levamos essa dádiva dos céus para lá. Que bom.

Ontem saímos cedo de Jaisalmer para enfrentar cerca de 330 km até Bikaner. No meio da viagem o guia Jaideep disse que tinha uma surpresa para nós, que não estava no programa. Olhar pássaros migratórios da Sibéria e do Tibet. De repente, olhamos para o céu e lá estavam enormes bandos de pássaros, que não sabíamos de que espécie eram. Só víamos que eram grandes. Saímos da estrada e logo em seguida escutamos, dentro de um terreno desocupado, uma algazarra de pássaros e, quando olhamos, estava cheio de uma espécie cinzenta de Grows, vindos das regiões geladas da Sibéria e Tibet, para aqui se alimentar. Bandos vindo do céu, também ali pousavam. Fazem isso porque ali há uma fundação que dá alimento a esses pássaros migratórios, que estão prestes a partir nesta época. Um espetáculo maravilhoso da natureza. As fotos mostrarão como eles são. Fizemos uma doação para a fundação e continuamos a viagem.

No meio da tarde chegamos em Bikaner. Junto com Jodhpur e Jaisalmer, Bikaner foi um dos três grandes Reinos do deserto do Rajasthan e, como eles, prosperou em razão de sua localização estratégica na rota comercial das caravanas para a Ásia Central e a China. A cidade foi fundada em 1486 por Rao Bika, filho mais novo e descontente de Rao Jodha, governante de Jodhpur, que saiu de casa em busca de novos territórios para conquistar, já que não estava na linha de sucessão do pai.

Embora ofuscada  pelo esplendor de Jodhpur e Jaisalmer, Bikaner tem muito a oferecer ao visitante, com a velha cidade murada (onde os camelos passeiam por bancas coloridas), os diversos templos e palácios, e o magnífico Junagarh Fort, talvez o mais bem preservado e mais ornamentado de todos os fortes do Rajasthan. A visita que a ele fizemos isso confirmou.

Construído entre 1587 e 1593 por Rai Singh, terceiro governante de Bikaner, o Juganarh Fort é protegido por um muro de arenito de 986 m de comprimento e 37 bastiões, por um fosso e pela maior defesa de todas, o assustador deserto de Thar. As fotos dos bastiões, na parte externa, não foram possíveis já que ele está encravado no meio da cidade, na planície e não em montanhas, como os demais que visitamos até aqui. Não é de estranhar que o forte nunca tenha sido conquistado, o que explica seu excelente estado de conservação.

Dentro dos austeros muros de pedra do forte há 37 palácios, todos decorados, templos e pavilhões, construídos por sucessivos governantes, durante séculos, que mantiveram um estilo harmonioso.

Fizemos uma demorada visita em todos os palácios, desde o mais antigo, o Lal Niwas, de 1595, decorado com temas florais vermelhos e dourados, até o mais recente, o Dubar Niwas, erguido no  início do século 20. Salões de coroação dos marajás, salas de  estar e dormir, lindos e decorados pátios internos, salas de armas, desde flechas antiquíssimas, adagas, espadas dos mongóis (curvas) e dos indianos(retas), um avião da Segunda Guerra, doado pela Inglaterra a um Marajá que nela lutou, sala de armas de fogo, fotos antigas, todo tipo de decoração  de cada um dos palácios, inclusive do mais antigo, que não está aberto ao público, pela delicadeza da decoração e suas obras de arte, mas que o guia Jaideep conseguiu uma autorização especial para fazermos a visita. Magnífico. Desta viagem, até aqui, foi o que melhor preservou seus aposentos, decoração e obras de arte. Além disso, do seu lugar mais alto tivemos uma ampla vista de toda a cidade de Bikaner. Valeu muito a visita. Esperamos que as fotos possam dar uma noção disso.

Saímos do forte já no fim da tarde para visitarmos o Centro Nacional Indiano de pesquisas dos camelos, inclusive para fornecimento para o exército indiano. Lá aprendemos que os camelos podem viver até 26 anos, que a gestação dura 13 meses e a amamentação um ano, que os filhotes nascem com cerca 25 a 35 kilos e que os camelos do deserto são mais claros que aqueles de outras regiões mais frias. Mantivemos contatos com os tratadores, inclusive um que adotou um filhote, que nos foi apresentado, que havia perdido a mãe. A ligação era tão próxima, que se beijavam na boca. Muito interessante a visita. 

Passamos a noite na melhor suíte do Juganarh Palace Hotel, um palácio onde hoje vive a família real. Um lugar lindo, com as paredes entalhadas em filigranas na pedra, mas que está precisando de uma repaginada para ficar à altura dos hotéis da rede Taj, como o Taj Lake de Udaipur, o Taj Palace de Jofhpur, onde já nos hospedamos, ou como o magnífico Rambagh Palace, onde nos encontramos agora e vamos ficar por dois dias, aqui em Jaipur. Depois da viagem até aqui desde Bikaner, passamos a tarde descansando e curtindo a extensa área ajardinada do Hotel.

Amanhã, será um dia cheio, inclusive com visita a um Forte que será alcançado no lombo de uma elefante. Tudo estará aqui. Aguardem. Esta noite jantaremos no restaurante do hotel, por cortesia da Minar, agência aqui da Índia que é responsável pela nossa viagem. Até. Beijos. Narcísio e Dirlei.

Vista do Hotel Junagarh, onde nos hospedamos em Bikaner

O blogueiro, nos jardins do hotel

Vista da pátio interno do Hotel Junagarh

Vista da Suíte que ocupamos no Hotel Junagarh, Bikaner

Revoada dos Grows


Os Grows cinzentos, se alimentando no terreno de fundação que os protege


Areia especial, explorada em Bikaner e que serve para fazer isoladores e cerâmica

Vista da entrada do Junagarh Fort, em Bikaner

Vista de um dos pátios internos do Junagarh Fort

Pátio onde havia coroação dos Marajás

Visão dos diferente tipos de arquitetura, feitas através do séculos nos Palácios do Junagarh Fort

Local onde ficava o Marajá, nas recepções públicas e festas

Balcão decorado de um dos palácios

Porta ricamente decorada do Janagarh

Mostras da decoração interna do mais antigo dos palácios do Junagarh Fort




Trono do Marajá

Sala dedicada à chuva, tão rara por em Bikaner

Mais decoração interna dos aposentos dos palácios do Junagarh Fort

Trono reservado para Deus

Cama baixa para o Marajá, para saída rápida da cama caso atacado

Basílico, planta sagrada, em quase todas as casas indianas, perante a qual as mulheres rezam pela manhã

Pátio interno de um dos palácios do Junagarh Fort

Espada reta dos indianos e curvas, dos mongóis que os governaram por anos

Sala de armas - Adagas

Sala de armas - Flechas

Sala de armas

Camelos se alimentando, do Centro Nacional Indiano de pesquisas desse animal

Filhote adulto, ainda mamando

Camelo negro, das regiões mais frias

Aposento noturno dos camelos

Um dos pastores, com um filhote adotado, que perdeu a mãe


Corredores do luxuoso Taj Rambagh Palace, onde estamos hospedados em Jaipur


Lago com ponte, nos jardins do Taj, com flores perfumadas

Visão do Taj Rambagh Palace

Pavões nos jardins do Taj, Jaipur

Outra visão do hotel onde estamos hospedados

Mais pavões no jardim do Taj

A blogueira, na frente do Hotel Taj Rambagh Palace

Outra hotel Taj de Jaipur

Pátio interno do Hotel Taj

Outro pátio interno do Taj Rambagh Palace, de Jaipur



2 comentários:

  1. Caros Dirlei e Narcísio.
    Ficamos pelo menos dois dias sem dar uma olhada aqui, mas não desembarcamos. As fotos estão sensacionais e as descrições, como sempre nos levam pelos mesmos caminhos percorridos.
    Estávamos comentando que sempre pensamos que para vocês só faltava mesmo "fazer chover". Agora fizeram! E no deserto! Não falta mais nada.
    Beijos e que continuem curtindo.
    Paulo e Heloisa

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  2. Aula de História, Geografia, Artes e mais um pouco de tudo! Maravilhas que vocês podem curtir.
    Beijos
    Flávia

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