domingo, 3 de junho de 2012

IMPRESSÕES FINAIS DO REINO UNIDO

Seguidores e Seguidoras,

Conforme sempre fazemos ao fim de todas as nossas viagens, apresentaremos aqui as conclusões e impressões que tivemos desta pelos quatro países do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) e pela Irlanda, que faz parte da União Européia.

O POVO

O maior ganho que tivemos nesta viagem foi, sem dúvida, o carinho e a acolhida que tivemos do povo inglês. Foi, com certeza, o povo que melhor nos acolheu em todas as viagens que fizemos até aqui. Ganham, inclusive, dos portugueses, aos quais se igualam no carinho e na receptividade, mas os ingleses têm uma vantagem. Eles também se tratam bem, coisa que não acontece com os portugueses, que se mostraram extremamente rudes no trato pessoal entre eles.

Não teve circunstâncias em que tivessem nos tratado mal. No trânsito, sempre dando a vez em algum aperto, quando errávamos, tinham toda a paciência e ainda se despediam com um abano. Quando parávamos em algum lugar para tirarmos alguma dúvida, logo alguém parava ao nosso lado, não raro desembarcando do seu veículo e vindo até nós oferecendo ajuda e, depois, nos conduzindo até o local ou saída mais adequada. Na rua, era só parar para consultar o mapa e alguém parava oferecendo ajuda. Por mais sisuda que estivesse a pessoa que abordávamos para pedir ajuda, ela se transformava e se desdobrava para fazer mais do que pedíamos, sempre bem humorada. Em pequenas cidades, as pessoas nos cumprimentavam e, se perguntássemos algo, abandonavam tudo o que estavam fazendo para um papo gostoso e no mais das vezes contando coisas íntimas da suas vidas, sua história, sua família etc.

Nas lojas, hotéis, restaurantes, etc., não era raro formar-se um burburinho em torno da gente para se informarem sobre nós, nossa viagem, nosso País. Enfim, na Inglaterra nos sentimos à vontade, como se estivéssemos em casa. Pena que o clima deles é tão instável mas, é, sem dúvidas, um lugar que deve ser considerado para morar ou ficar um pouco mais.

Aos galeses, se aplica o mesmo dito em relação aos ingleses. Não se percebe diferença entre os dois países, salvo por uma língua local, bem estranha, que pouco praticam no dia a dia.

No que toca aos escoceses, são também muito educados, fomos bem tratados, mas são um pouco mais rústicos, mais secos. Alguns falam um inglês que nem os ingleses da Inglaterra entendem, como nos alertaram antes de lá entrarmos, mas que não nos deixamos impressionar. Repetíamos a pergunta ou devolvíamos com outra pergunta até chegarmos num acordo.

Quanto aos Irlandeses, das duas Irlandas, passaram uma impressão de que são mais soltos, menos conservadores, mais europeus, tanto que na Irlanda que não mais faz parte do Reino Unido, as distâncias já são medidas em kms, as máximas já são mais altas e só não mudam o  lugar do volante porque estão inseridos e têm relação  maior com os países do Reino Unido, que permanecem com esse arcaico e atrasado modo de dirigir. 

Esse contato com os povos dos países que visitamos, por nós desejado, é também consequência do nosso modo de viajar, por nossa própria conta, sem prévia programação dos lugares que visitaremos e de carro. Tememos que vamos perder esse lado interessante das viagens quando nos inserirmos em pacotes para visitar lugares como China, Índia e África, o que já se aproxima porque, os países onde é possível fazer este tipo de viagem,  já estamos terminando de visitar.

DESTAQUES NATURAIS E TURÍSTICOS DE CADA PAÍS

PAÍS DE GALES

O País de Gales, embora se  constitua quase uma continuidade da Inglaterra, tem suas peculiaridades e bons motivos para ser visitado. No sul, apenas sua Capital Cardiff merece destaque ficando para sua parte norte as belezas de uma região montanhosa que esconde, no seu interior, a loucura do sonho do arquiteto galês Clough Williams Ellis, retratada na cidade fantástica de Portmeirion e a cidade de pedras negras Dolgellaw. No norte, também as belas cidades com seus portentosos castelos à beiramar, Conwy e Caernafon. Tudo está detalhado nas postagens respectivas, para quem não viu ou pretender apenas recordar.

ESCÓCIA

Quando saímos da Inglaterra e entramos na Escócia, de plano percebemos a mudança da paisagem. No sul paisagens agradabilíssimas, com ondulações mais suaves, com pastagens de ovelhas, riachos cristalinos e bucólicas pequenas cidades. Ao norte, as Highlands famosas e sua não menos famosa bela capital Inverness, os grandes e altos lagos como o Lock Ness, as montanhas nevadas e as destilarias  do famoso Wiskey em seus vales.  Seu litoral oeste escarpado, na região do castelo de Culzean e das pequenas Cairnryan e Stranraer e no lado leste, a região litorânea com praias onde se destaca Aberdeen, Elgin e Dundee. Obviamente que Glasgow e Edimburgo são cidades obrigatórias para quem for para a Escócia, pelas suas belezas históricas e diversidades de coisas para se ver e fazer. Um País peculiar, tal como o Kilt que vimos sendo usado no lugar do nosso tradicional terno, nas solenidades, especialmente nos casamentos.  Uma visita imperdível e obrigatória.

IRLANDA DO NORTE

O sentimento que tivemos é que a Irlanda do Norte está em melhor situação econômica que a do sul. A começar pela sua capital, Belfast, bem conservada, com grandes obras em andamento, inclusive na região do Museu do Titanic, cuja visita nos transporta, tanto para a época em que foi construído, quando para a tragédia de que foi vítima. Para quem se interessa pelo assunto, a ida a Belfast é obrigatória e ainda vai ganhar de gorjeta uma bela e interessante cidade. No norte do País, a interessante cidade fortificada Londonderry e a beleza natural monumental da Calçada dos Gigantes. Impressionante. Um pequeno País, com coisas bem interessantes para se ver.

IRLANDA

O País, que se desvinculou do Reino Unido e aderiu à União Européia e ao Euro, destoa um pouco dos demais países que visitamos, já que a crise por que passou recentemente e que ainda persiste, é visível, sendo evidência disso o centro histórico de Dublin, muito mal cuidado, valendo a pena apenas a região boêmia do Temple Bar e a região mais moderna e mais bem cuidada, do outro lado do rio. Beleza mesmo, encontramos no interior do País, como Kelkenny  e o instigante e imperdível Newgrange uma enorme tumba de mais de 5 000 anos, da Idade da Pedra Lascada,  uma obra de engenharia complexa anterior a todos os monumentos da antiguidade que hoje conhecemos, como as pirâmides e Stonehenge. No mais, paisagens agrícolas na travessia até Galway, no extremo leste, onde predominam as paisagens marítimas que só são quebradas por uma região montanhosa mais ao norte com a divisa com a Irlanda do Norte. Esses os destaques que justificam uma visita.

INGLATERRA

Sua história,  suas tradições, seus escritores e, especialmente seu povo, já justificam uma visita e, até mesmo, nele viver, não fosse a instabilidade de seu clima com muito fog e chuvas, embora sua maior parte tenha sido visitada com sol, calor e céu azul. Aqui não abordaremos Londres, objeto de outras viagens e que agora não visitamos. Em termos de meio-ambiente é ela toda bela, embora de uma beleza sem grandes destaques, com muito verde, reservas florestais, pastagens, agricultura mecanizada. Destacam-se muito, todavia, a região dos jardins das Midlands e o Distrito dos Lagos com suas pitorescas cidades pequenas como Kendal. Os Apeninos, cadeia montanhosa suave que forma a coluna vertebral do País. No litoral sul, Brighton, feia, com praias de pedra, Bournemouth,  linda, com praias de areia fina e no seu extremo, o Mont Saint Michel, é certo que não tão belo quanto o homônimo da França.

Se você gostar de cidades com casario lindo e bem preservado, nos estilos Tudor e Georgiano, basta ir a Chester, York, Lavenham, Stratford-upon-Avon e Lincoln, no alto de um monte como na Toscana e, ainda, Norwick, com a sua Elm Street, uma das mais belas ruas da Idade Média, preservada como era há quase de 1 000 anos. E o que dizer da linda Bath e seus banhos romanos perfeitamente preservados?

Para respirar e manter contato com os centros culturais da Inglaterra, é só ir  às antigas Cambridge e Oxford. Luxo, no interior, das casas construídas para receber os nobres, é só ir ver a que extremo foi, em Chatsworth. Escultura exótica, o Angel of the North, criado por Antony Gormley, com saudade do nosso Cristo do Rio.

Respeito ao meio-ambiente com criatividade está lá na Cornualha, no Eden Project. A destruição do meio-ambiente que resultou em atração turística, recuperação e educação ambiental. 

E não faltou emoção. Lá em Liverpool, Beatles, The Tavern Club e o Museu Internacional da Escravatura. E Castelos para todos os gostos como o enorme Warwick e o dado de presente para os pais de Churchill, o Blenheim Palace.

Inglaterra, um país e um povo magníficos.

VIAJAR DE CARRO PELO REINO UNIDO

Conforme detalhado na última postagem, viajar de carro pela Inglaterra atualmente não é uma boa idéia. Dirigir no lado direito do carro configurou-se um atraso e o sistema de trânsito está falido como exaustivamente lá detalhamos. Não obstante isso, dirigir na mão contrária e enfrentando excesso de rótulas, dirigir lá não é tão difícil tendo em vista a peculiar educação deles no trânsito. Dos cinco países, quem está melhor dotado no sistema de trânsito é a Escócia. Ótimas estradas e trânsito fluindo bem. Nas Irlandas, o problema são suas estradas super estreitas ligando  vastas regiões dos países. Você quase sempre está muito próximo de outro veículo ou das cercas vivas. Na Irlanda é mais fácil dirigir já que as distâncias são medidas em km e não em milha como em todo o resto e os limites de velocidade, ridiculamente baixos nos demais países, aqui são mais racionais, sem comprometer a segurança. As vantagens, todavia, de viajar de carro, para nós, são muito maiores  que as dificuldades eventualmente enfrentadas, como nesta.

COMIDA

Sempre que dizíamos que iríamos fazer esta viagem, especialmente para ingleses que encontramos em outros países, uma observação era recorrente. A comida na Inglaterra e em todo o Reino Unido não é boa. Não tivemos, todavia, qualquer problema neste particular, mesmo porque, hoje todas as redes de restaurante do mundo estão em todo lugar, com todo tipo de comida típica. Assim sendo, não se preocupe com a comida quando viajar para essa região. Se preocupe, todavia, com o vinho. Nos primeiros dias começamos a perceber que todo vinho que era servido era fechado com rosca de metal, como vinagre balsâmico e não com rolha. Nunca tínhamos visto isso antes, em nenhum lugar do mundo. Ademais, quem conhece um pouquinho sobre vinho sabe que ele precisa respirar para manter suas virtudes, coisa que não acontece com a rosca de metal. Para fazermos um teste, pedimos um De Martino, chileno de nós muito conhecido. Uma tragédia. Não tinha nada a ver com o vinho que conhecíamos. Era um vinho morto, que havia perdido todas as suas qualidades. Dali por diante, sempre pedíamos quais os vinhos da carta que eram fechados com rolha e só pedíamos estes. Caso não tivesse, o que não era raro, pedíamos os vinhos mais jovens. Consultamos os garçons e eles disseram que o povo inglês, que pouco aprecia bons vinhos, prefere assim por ser mais prático. Uma heresia. Também das caves que se prostituem para ter mercado. Felizmente os melhores franceses não se renderam.

CONCLUSÃO

Mais uma viagem magnífica,  países com meio ambiente, cultura e histórias peculiares e ricas, povos que nos receberam muito bem, especialmente da Inglaterra, nos enriquecendo com que aprendemos, com tudo o que nos deram de respeito e carinho, patrimônio agregado a nós para sempre.

Nesta viagem o blog bateu recorde de acessos, quase 2.100, sendo 20% desse total de estrangeiros, entre eles alemães, portugueses, americanos, russos, holandeses, franceses, angolanos, finlandeses, suecos, irlandeses e por ai afora. Tudo foi um estímulo para nós aproveitarmos melhor a viagem e compartilharmos, especialmente com os amigos,  nossas emoções. Agradecer mais profundamente aqueles que concretamente participaram com seus comentários criativos e incentivadores.

Até a próxima viagem ou lugar interessante que visitarmos e que valer a pena compartilharmos. Beijos a todos.