domingo, 30 de setembro de 2012

Resumo da viagem à Rússia e países suas ex-repúblicas

Seguidores e Seguidoras,


Terminada mais uma aventura pelo mundo, como sempre acontece ao cabo delas, é hora de fazermos um resumo que dê uma visão compacta aos nossos leitores de tudo o que sentimos, tanto no aspecto positivo, como no negativo, da viagem que fizemos pela Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia e Ucrânia.

De plano, como todos puderam perceber, o estilo desta viagem foi completamente diferente das grandes viagens anteriormente feitas. Aquelas, feitas de carro, só com hotel de chegada e de saída, com roteiro maleável que poderia mudar de acordo com o andar da viagem. Um bom guia de viagem nos dava todas as informações que precisávamos. Esta,  totalmente adredemente preparada, com hotéis, transfers, passeios, guias locais, tudo comprado com antecedência.

Logicamente, conforme já dissemos na apresentação da viagem, tudo decorreu do fato de serem precárias as condições daqueles países, especialmente Rússia e Ucrânia, para  viagem solo, de carro. As estradas do interior são precárias, toda a sinalização na língua e alfabeto local, totalmente diferente do nosso, quase ninguém falando inglês e a corrupção imperando fortemente, inclusive no aparato policial, tudo confirmado e constatado no curso da viagem. Ademais, esta foi uma viagem de experiência para as grandes viagens que virão pela frente para as regiões da Índia, China e Oceania, naturalmente intercaladas com viagens no estilo anterior, que ainda temos por fazer.

Logicamente que cada um desses estilos de viagem tem suas vantagens e desvantagens. Nesta última, uma das grandes desvantagens foi a perda de um tempo precioso nos aeroportos nos deslocamentos feitos e também em algumas visitas guiadas, que demoravam mais do que se tivessem sido feitas por nossa conta e com guia impresso. As vantagens são os hotéis de melhor qualidade e mais baratos em função da reserva com grande antecedência. Na viagem de carro, o hotel é contratado a cada dia, o que os encarece. As informações fornecidas pelos guias locais também são mais completas, mas, a administração do tempo e a liberdade que a viagem de carro nos dá, não tem preço.

Enfim, os dois estilos continuarão sendo utilizados por nós, conforme as circunstâncias das próximas viagens assim exigirem.

Os deslocamentos maiores foram feitos na classe executiva da Lufthansa. Não a recomendamos. Tanto na viagem de ida, com saída do Rio até São Petersburgo, como na de retorno, de Moscou a São Paulo, os equipamentos estavam velhos e ultrapassados. A maioria das empresas aéreas com as quais temos viajado nos últimos anos, já renovaram e atualizaram os equipamentos da classe executiva. A Lufthansa não, o que compromete o conforto da viagem. Por isso, não a recomendamos, inclusive porque, o serviço de bordo também não impressionou, salvo o do trecho Moscou Frankfurt, que foi ótimo.

Começamos a viagem por São Petersburgo.  Saímos do Brasil com uma expectativa lá no alto a respeito dessa cidade, pelo que havíamos lido e também ouvido de quem para lá já tinha viajado. Ela, porém, não cumpriu o que dela esperávamos. Seus canais perdem longe em beleza, para muitos que vimos em várias cidades da Europa Ocidental, especialmente Holanda e Bélgica. O mesmo se pode dizer do seu rio, apesar de muito bela a sua visão na região do Ermitage e da ilha da fortaleza na outra margem. Entre os grandes museus do mundo, colocamos o Ermitage em último lugar, em termos de riqueza de acervo e conservação do edifício.

É uma cidade, todavia, que merece ser visitada. Suas catedrais são únicas e belíssimas, especialmente a de São Isaac e a Catedral Ortodoxa do Salvador do Sangue Derramado. O Palácio de Verão, Ekaterina, também é um show, especialmente sua ímpar Sala de Âmbar. O trânsito, a exemplo do que já falamos nas postagens respectivas de Kiev e Moscou, também é um problema para quem depende de carro para conhecê-la, já que constantemente congestionado e com motorista irresponsáveis, causando graves acidentes a todo momento. O povo é neutro mas ainda pouco preparado para receber os turistas já que pouca gente fala inglês. Quando saíamos sozinhos e pedíamos alguma informação, pouquíssima gente falava inglês ou francês, nem mesmo os mais jovens, o que nos surpreendeu, pois tínhamos a informação de que a população mais jovem já estava aprendendo inglês nas escolas como matéria curricular. Nada mais falso.

A compensação, em termos de cumprimento de expectativas veio com Tallin, na Estônia. Um show. A mais européia ocidental das cidades que visitamos. Primeiro que lá já se usa Euro e não as loucas moedas dos outros países que visitamos que valiam entre 0,50 de dólar até 81 dólares. Imaginem a dificuldade para lidar com isso e o cuidado para não ficar com nenhum desses micos na mão. O povo também é mais feliz, receptivo e preparado para o turismo. Dezenas de navios chegam e saem do seu equipado cais, todos os dias.

A cidade de Tallin está toda bem cuidada, tanto na parte moderna, onde ficamos hospedados no excelente Swiss Hotel, quanto no seu belíssimo centro histórico. A vista da cidade do alto de suas muralhas, ou desde a cidade alta, é de tirar o fôlego, o mesmo acontecendo com sua belíssima praça principal. Um lugar muito romântico e belo, que merece ser visitado.

De lá fomos para Riga, na Letônia. Quase tudo o que dissemos em relação a Tallin, pode ser dito em relação da Riga, com um grau a menos. Seu centro histórico é muito interessante, embora de beleza plástica menos privilegiada, a começar por sua grande praça. Ganha, porém, em parques belíssimos, agradáveis, bem cuidados e localizados na área central. O rio que cruza a cidade está bem cuidado e a área da Ópera tem um belo jardim de muito bom gosto. O lindo prédio da House  Of Blackheads, na Praça Ratslaukums, também é um dos seus destaques. O povo é um pouco mais reservado, mas muito respeitoso. O seu trânsito é um dos melhores comparados com os das cidades russas que visitamos. Merece a visita.

De Riga, fomos para Vilna, na Lituânia. Primeiro, o Hotel RadissonBlu, uma rede de ótimos hotéis nos quais nos hospedamos em outros países, aqui não recomendamos, especialmente por sua localização, no outro lado do rio, em relação ao centro histórico e muito distante dele, demandando uma caminhada longa.

A cidade também não nos impressionou. Muito irregular, com um centro histórico não muito atraente, salvo pela praça triangular em frente ao Town Hall, a prefeitura da cidade. A Praça da Catedral e sua grande torre poderia ser mais interessante já que cercada de grande área calçada sem nenhum equipamento ou decoração, salvo a vista do belo e luxuoso Hotel Kempinsky, nas proximidades. Interessante, também a sua principal rua de comércio, a Gedimino, com seu conjunto de prédios recuperados  e comércio variado.

Na Lituânia fizemos, desde Vilna uma visita à cidade de Kaunas, antiga capital do País. Um cidade localizada num local plasticamente bonito,  na confluência de dois grandes rios, o Nemuras e o Neris, formando um maior com o nome do último. Tem também um potencial turísticos muito grande, mas ainda demanda um pouco mais de investimento para recuperação do casario de suas principais ruas, a Vilnaus e a bem arborizada e com calçadão, a Laivès. Dentro de poucos anos ficará muito mais interessante.  Á área do seu principal rio está bem aproveitada e urbanizada, inclusive com o moderno estádio de basquetebol, a paixão nacional. Destacamos  o seu inédito museu do diabo, muito original, interessante e engraçado de se ver. Para quem está em Vilna, achamos que vale essa chegadinha em Kaunas.

No que toca a Trakai, cidadezinha distante cerca de 30km de Vilna, vale somente pelos grandes lagos que a cercam e pelo Castelo fotogênico em uma de suas ilhas. A visita a ele, não vale muito a pena já que foi recentemente reconstruído, está com cara de coisa moderna e com poucas coisas interessantes para se ver. Vale a pena somente se for num dia de sol, porque as paisagens da região são lindas. 

O povo da Lituânia, ainda em transição entre o regime fechado da antiga União Soviética, não adquiriu, também, muito traquejo para receber o turista, tem problema com a comunicação em inglês, inclusive em relação aos jovens e continua muito ressentido pelos flagelos que a ele foram impostos pelo regime comunista.

Da Lituânia fomos para Kiev, na Ucrânia,  o maior país em termos de território, na Europa, perdendo apenas para a Rússia. Nossa expectativa também era muito alta em relação à grande Kiev. Se cumpriu apenas parcialmente. Grande destaque é a Catedral de Santa Sofia e a grande praça nas suas proximidades e as tumbas subterrâneas do Monastério de Pechersk Lavra, além do museu a céu aberto para relembrar os mais de 4 milhões de mortos pela política de fome de Stalin, em 1932/33. Tem uma majestosa avenida principal, a Khreschtyk, que redunda na grande Praça da Liberdade, mas que poderia ser um pouco mais bem cuidada para ser tão bela de dia, como o é à noite, com sua iluminação abundante.

O povo convive normalmente com a corrupção e uma boa parte dele ainda morre de amores pelo regime comunista. O trânsito, se coaduna com a corrupção generalizada, por todos mencionada. Primeiro, foi a maior concentração de carros de alto luxo por m2 que já vimos em qualquer cidade até hoje. Rolls Royce e  Bentleys de milhões de dólares, a rodo. Tanto as ruas como as calçadas e passagens de pedestres são totalmente dominadas pelos carros, conforme mostramos, inclusive com fotos. Todos estacionam sem qualquer constrangimento sobre as calçadas mais movimentadas, salvo as da rua principal (só em menor proporção), fazendo com que os pedestres tenham que se desviar entre eles para poderem circular. Em algumas situações, os pedestres têm que ir para o leito da rua para poderem ir em frente, com sérios riscos de atropelamento, pois as velocidades são absurdas. Assistimos lá uma cena inédita. Um Audi A8, entrou numa calçada onde só restava o espaço da largura do carro para os pedestres. Pensávamos que ele iria entrar logo, em um estacionamento, mas não. Seguiu em frente, à perder de vista, fazendo com que todos os pedestres tivessem que se abrigar em recuos ou terrenos para não serem atropelados. Este o melhor retrato de Kiev. Uma pena. Uma cidade com um potencial turístico tão interessante, mas empanado pela corrupção generalizada.

De Kiev, finalmente chegamos à grande Moscou. Para começar, fomos apresentado ao trânsito caótico da cidade, enfrentando um monstruoso engarrafamento entre o aeroporto e o ótimo Savoy Hotel.  Falaremos mais tarde do trânsito. O que importa é que Moscou surpreendeu-nos como uma cidade muito interessante e que vale muito a pena ser visitada. Nos surpreendeu positivamente. A Praça Vermelha, o Kremlin, este mais lindo à noite do que de dia visitando o seu interior. Aliás, Moscou é lindíssima à noite. A visão do Kremlin, desde o outro lado do rio é de tirar o fôlego. E tem o seu imperdível Metrô, cujas estações que mais parecem catedrais, foram construídas pelo regime como propaganda política mas que hoje, além de desafogarem o caótico trânsito, nos deliciam com sua beleza sem par. Bem explorada tem ruas interessantíssimas como a histórica e comercial Arbat e bela Tverskaya, com seu exótico mercado dos ricos num prédio que parece mais um palácio com toda sua decoração luxuosa. E tem o  cultural e sofisticado Teatro e Ballet Bolshói.

Ainda em Moscou, num tour a Vladimir e Sùzdal, pudemos conhecer o interior da Rússia, pelo menos naquele trecho de 220 km, muito feio e mal cuidado. Em Vladimir, antiga capital, pouco para se ver, salvo a antiga cadeia política e hoje comum, localizada num dos mais nobres sítios da cidade e o promontório onde repousam os restos do seu Kremlin e sua Catedral, a visão sem fim da grande planície que é a Rússia. 

Em Sùzdal, ali próximo,  uma profusão de torres aceboladas e coloridas de suas 33 igrejas, numa cidade tão pequena e o seu Museu de Arquitetura de madeira, que nos transportou ao modo de vida dos antepassados daquela região, em suas engenhosas casas de madeira, com uma grande estufa no seu centro. Pena que a cidade está muito mal cuidada, apesar de ser um centro turístico muito importante da Rússia.

Na viagem pelo interior, de uma vez por todas nos convencemos de que foi acertada a decisão de lá não viajar de carro. Tanto nas cidade de Moscou, como no seu interior, os motoristas são perigosos. Velocidades extremadas nas ruas da cidade e nas estradas resultam em atropelamentos e acidentes gravíssimos, de muitos dos quais, quase fomos testemunhas, porque por eles passamos segundos depois. Mortes e destruição total dos carros. Os russos ficaram décadas sem poder ter um carro. Agora abusam dele. Os prédios antigos somados aos  que o regime construiu sem garagens, porque o povo não tinha direito a carro resultam num caos de carros estacionados em todos os lugares, em fila dupla e inclusive sobre as calçadas. Hoje os carros congestionam todas as suas cidades e em maior proporção em Moscou. Para complicar mais ainda, os motoristas têm o péssimo hábito de fechar os cruzamentos quando o sinal fecha.  Eles ainda têm tudo a fazer neste particular. E o País está parando.

Para finalizar a viagem, uma grande e enriquecedora surpresa: Kazan, na República do Tartaristão, nas estepes mongóis. Para lá deveriam ir os brasileiros envolvidos com a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, para aprenderem como se prepara uma cidade e/ou país para grandes eventos. Eles vão receber a Universíade Mundial, em 2013, o Campeonato Mundial de Natação em 2014 ou 2015 e serão sede da Copa de 2018. A cidade já está belíssima e vai dobrar essa beleza ao fim desses eventos. Não tem prédio, não tem rua, não tem calçada, no centro da cidade que já não esteja pronto ou em obra com trabalhos de dia e de noite. E tem o aeroporto, o metrô, as estradas, rodovias, pontes e ferrovias. Tudo quase pronto. Por isso a cidade em poucos meses cresceu de um milhão e duzentos para um milhão e quinhentos mil trabalhadores. 

Exemplo mais gritante dessa radical transformação, foram as ruínas de um prédio perto do nosso Hotel, o Marriott. Quando chegamos, estava lá, abandonado. No penúltimo dia da nossa visita, passamos por ele e dois trabalhadores estavam esticando uma linha na calçada para preparar o tapume de proteção para a obra. Na manhã seguinte, o tapume estava pronto e a obra de recuperação iniciada. 

O seu Kremlin, totalmente restaurado, é tão lindo de dia, como de noite. As ruas Kazan e Bauman, belas são uma delícia para se caminhar. Os seus Rios Kazan e Volga e a mistura do Mongol e do Russo estão fazendo dessa cidade uma das mais lindas e interessantes da Rússia. e um povo de beleza exótica. Em breve, muito mais. Uma cereja, no bolo da nossa viagem. Lá a encerramos.

Valeu muito a pena. Países, cidades e povos bem diferentes dos que usualmente já conhecemos. Muito acrescentou à nossa cultura e àquilo que almejamos em nossas andanças pelo mundo. Conhecer na inteireza os povos, sua história, sua cultura, sua alimentação, seu meio ambiente, sua beleza. Os objetivos foram amplamente alcançados e nos motivaram para outras que em breve virão.

Por fim, gostaríamos de agradecer aos amigos, conhecidos e anônimos que quebraram o record de acesso neste sítio. Quase 1700, só nesse período. Agradecer também aqueles que enriqueceram muito a viagem com suas mensagens e sugestões e, porque foram assíduos em suas mensagens de incentivo, apesar de também estarem viajando, uma homenagem especial aos nossos grandes amigos Brandão e Eloísa, amantes de viagem como nós (www.paulodetarsobrandao.blogspot.com) e que quase diariamente se fizeram presentes com seus comentários  criativos e motivadores.

Já temos na cabeça um turbilhão de opções para a próxima viagem. Quando decidirmos, tudo estará aqui para deleite de quem, como nós, ama a vida e trabalha com prazer para gerar recursos para curti-la o mais intensamente enquanto tivermos saúde.  Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.









2 comentários:

  1. Oi Queridos. Que bom saber que curtiram e aproveitaram para aprender um pouquinho mais desse planeta terra. Eu e o Zinho faremos nossa primeira viagem, não tem nem comparação com as de vocês, mas p/ nós será uma aventura, pois jamais planejávamos ir. Vamos p/ Portugal, depois pegamos o Navio com o Ricardo e faremos Espanha e França. Torçam por nós! Beijos

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  2. Caros amigos Narcísio e Dirlei,
    Como já dissemos anteriormente, foi um prazer viajar com vocês. Os primorosos relatos nos fazem seguir todos os caminhos trilhados por vocês.
    Esperamos a próxima.
    Beijos.
    Paulo e Heloisa

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