sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Kaunas, interior da Lituânia

Seguidores e Seguidoras,


Hoje foi dia de conhecer a Lituânia mais a fundo entrando cerca de 100 km no interior deste pequeno País. Num tour particular, num Volvo V80, com um motorista e uma guia, a simpática Justina, saímos do Hotel às 10,00 horas, em direção a Kaunas, segunda maior cidade do País e sua antiga Capital.

A estrada era boa e duplicada. A paisagem, variando entre florestas de coníferas e áreas de agricultura, quase sempre uma planície, como em toda esta região, com algumas variações de colinas suaves.

Chegamos por volta das 11 horas e fomos levados a um lugar elevado para termos uma visão da cidade e dos rios Nemuras e Neris, que aqui se encontram e formam um único com o nome do último, sendo o mesmo que passa aqui por Vilnius. Vimos também um crime ambiental e econômico feito pelos soviéticos na cidade. No topo das colinas que circundam a cidade foram construídos uma coluna daqueles prédios horrorosos com a cara do regime hoje, felizmente falido. Atualmente, esses prédios causam um grande problema econômica e social à cidade para manter a calefação, já que, precariamente construídos e completamente expostos aos ventos, necessitam de muita energia e gás para que se mantenham habitáveis no rigor do inverno. Além disso, distante do centro da cidade, não são providos de espaço para estacionamento, já que durante o regime ninguém tinha condições de comprar carro, o que hoje dificulta muito a vida de quem lá reside.

Depois, atravessada a principal ponte sobre o Rio Nemuras, em cujas colunas remanescem motivos soviéticos, já que por eles construída, fomos visitar, na sua margem, uma linda escultura de areia, feita por um artista local, reproduzindo os principais prédios e monumentos da cidade de Kaunas.

Dali, passamos pela praça do prédio da Prefeitura. Ele foi completamente remodelado pelos Soviéticos e decorado como uma catedral, tudo no sentido de fazer ali o registro civil dos casamento, visando evitar que o povo não sentisse falta das igrejas, que foram todas fechadas e profanadas de todos os modos pelos soviéticos. A propósito, Justina nos relatou todas as sacanagens utilizadas pelos soviéticos para calar a religiosidade local. Obrigaram todos a trabalhar no dia de natal. Como o povo continuou a comemorar em suas casas, depois do trabalho, obrigaram as escolas a marcarem os principais exames, para a noite de natal, para que as crianças não ficassem em casa para a festa de natal. Marcavam também exames para o dia seguinte, para que, chegando em casa, as crianças tivessem que estudar para fazer as provas na manhã seguinte. Além disso, todos estavam proibidos de viajar para fora do País, especialmente para o ocidente, para que não vissem com estavam mais desenvolvidos do que eles. Só agora que começam a conhecer os países da Europa, aqui pertinho. E assim foi com toda forma de manifestação cultural local. 

Depois dali fomos liberados pela guia com tempo livre para conhecer a parte velha da cidade e a sua principal rua, a Vilnaus. Ela é restrita para circulação de carros, só os de serviço e residentes, tem muitos bares e restaurantes com suas mesas externas e um casario que poderia ser mais bonito, já que tem uma bela arquitetura, mas estão precisando de conservação e pintura. Quando a União Européia começou a liberar dinheiro para isso, irrompeu a crise e tudo ficou parado. Da Rua Vilnaus, saem em perpendicular, outras pequenas ruas, nas mesmas condições. Fato que chama a atenção é que a rua é bem arborizada, como toda a cidade.

De lá fomos visitar uma Igreja Franciscana que, no período soviético foi transformada em lugar para secagem de paraquedas tendo ficado em estado lamentável, com vários furos no teto onde os paraquedas eram pendurados, pinturas antigas e imagens que só hoje estão em fase inicial de recuperação, também parada por força da crise européia, que a estava financiando, tudo conforme um monge que estava no local nos apresentou tendo, inclusive, nos levado a uma área reservada, onde estão construindo uma hospedagem, conforme exigência da União Européia, para gerar empregos e recursos para que aquele sítio histórico se mantivesse por seus próprios recursos. Ele fez isso, porque éramos do Brasil já que, segundo a guia, foi a primeira vez que aquele local foi mostrado a turistas. Uma simpatia de pessoa.

Ali próximo, pudemos ver os restos do antigo castelo da cidade, que foi várias vezes destruído pelas diversas guerras por que passou o País, após cada reconstrução.

Dali nos dirigimos para visitar um dos mais inusitados museus em que já estivemos em todas as nossas viagens. O Museu do Diabo. Ali está a maior coleção de esculturas, pinturas, máscaras, pratos, jóias, etc., do diabo, vindos de todas as partes do mundo, inclusive do Brasil. Era uma coleção particular de A. Zmuidzinaviclus, que posteriormente foi doada à cidade de Kaunas. Interessantíssimo. Uma delas, inclusive, reproduz Stalin e Hitler, como diabos dançando sobre ossadas humanas.

Segundo a nossa guia, há uma lenda na Lituânia, segundo a qual cada jovem que vive aqui é um potencial diabo. Quando ele tira uma jovem para dançar, para ela ter certeza de que o jovem não é um diabo, ela deve pisar a ponta do seu sapato. Se estiver vazia, é o pé do diabo. Se não, é um cavalheiro digno. Imperdível e altamente recomendável a visita (Museum of Devils, www.ciurlionis.lt).


Após, nos dirigimos ao centro da cidade, onde visitamos a região da sua principal avenida, a Laisvès, uma rua com um calçadão arborizado no seu centro, largas calçadas na lateral, onde estão as melhores lojas de grife, cafés, restaurantes e todo o tipo de comércio. 

Depois de tomarmos um bom café e dar uma descansada, tomamos a rua perpendicular, a S. Daukanto, que dá numa ponte para uma ilha onde está um dos maiores estádios de basquetebol do País, o esporte preferido e mais praticado na Lituânia, do antigo astro de nós conhecido, Sabonis.

Depois de retornamos à Av. Laisvès, nos dirigimos ao seu extremo, onde está localizada a Igreja São Miguel Arcanjo, em estilo neobizantino, uma igreja ortodoxa, que no período soviético foi transformada em galeria de arte antireligiosa. Hoje é igreja católica.

Dali pegamos o carro para o retorno à cidade de Vilnius. À noite fomos jantar no centro da cidade quando nos deparamos com uma feira que tomava toda a Avenida Gedimino, a principal da city, onde de tudo era vendido em barracas, especialmente comidas feitas pelo pessoal do interior.  Numa delas, compramos uma tipo de pastel tradicional daqui, enorme, mais um chopp cada um e ali mesmo jantamos.

Amanhã é dia de visitar Trakai, a cidade numa região de lagos e, num deles, o famoso Castelo de Trakai. É assunto para a postagem de amanhã. Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.

Visão desde o alto, da cidade de Kaunas

Escultura de areia às margens do Rio Nemunas

Prefeitura de Kaunas onde se realizavam os casamentos durante o regime comunista

Visão da  Rua Vilniaus, a principal do centro histórico

Desfile tradicional na Vilniaus

O que restou do antigo Castelo de Kaunas

Museu militar de Kaunas

Avenida Laisvès, principal de Kaunas

Outra visão do cruzamento da Av. Laisvès com a Rua S. Daukanto

Ilha com o maior estádio de basquetebol, principal esporte do País

Final da Av. Laisvès, com a Igreja São Miguel Arcanjo

Feira na principal avenida de Vilnius, onde jantamos





4 comentários:

  1. Carissimos Narcísio e Dirlei.
    Que viagem essa viagem! É bom que vocês estejam sempre na frente, porque assim aproveitamos tudo. Ontem mesmo, o Canyon do Verdon foi uma dica e tanto.
    Agora, meus caros, vocês relatando a feira somente confirma o que eu disse ontem para a Heloisa: o mundo virou uma grande feira! Não há mais lugar onde se vá que não se encontra essas (malditas para mim e um achado para a Heloisa) feiras.
    Beijos.
    Paulo e Heloisa

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  2. Queridos Dirlei e Narcísio
    Chocante o relato de métodos usados pelos comunistas para impedir as pessoas de manterem suas práticas religiosas. Imagine-se o que faziam em questões políticas envolvendo o que entendiam como riscos mais diretos ao regime!!!...
    E por aqui muitos ainda sonham com tal regime!!!
    Grande abraço, do Zucco.

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  3. Meu sogro era de Kaunas e estamos planejando ir conhecê-la no ano que vem. Você acha que é possível fazer esse roteiro sozinhos, sem guia? Viajar pelo país é seguro?
    Parabéns pelo blog

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    1. Já respondemos com comentário na última postagem do seu blog que, alíás, é muito bom. Abraço.

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