quarta-feira, 29 de junho de 2011

Balanço da viagem à Escandinávia

Seguidores e Seguidoras,

Hoje é o último dia da viagem. Dia, portanto, de fazer um balanço das coisas positivas e negativas que vimos nos quatro países da Escandinávia, mesmo porque, muito dos nossos seguidores tiram dicas daqui para suas futuras viagens. Ademais, viajamos de carro, por nossa conta e risco, para conhecer países na sua plenitude e não apenas alguns pontos turísticos muitas vezes maquiados ao gosto do turista.

Como já havíamos feito quando fomos de Gotemburgo a Estocolmo, quando cruzamos a Suécia pelo norte, hoje saímos da ilha de Öland e cruzamos o país pelo seu litoral sul, num dia de pleno sol e céu azul. Muito verde das matas e da agricultura, muitas vezes enfeitadas com usinas de energia eólica bem no meio das vastas plantações, dando um toque especial à paisagem além de mostrar que o país está preocupado com a produção de energia limpa. De quando em vez, através das matas, conseguíamos ver o mar. Uma viagem tranquila até que chegamos em Malmö para cruzar a bela ponte que liga a Suécia à Dinamarca. Hoje iniciamos a travessia começando pela ponte para, depois, incrivelmente mergulhar no mar para o túnel na parte final da travessia. Uma obra magnífica de engenharia e arte. No meio da tarde chegamos ao hotel Hilton, que fica encostado no aeroporto de Copenhagen, inclusive com uma passarela que o liga aos terminais. Além disso, do hotel podemos ver o prédio onde devolveremos o carro à Avis. Apesar de caro, é uma sugestão para aqueles que por aqui viajam e pretendam retornar por Copenhagen.

Pois bem. É hora do balanço da viagem. Como dito anteriormente, não nos interessa apenas as belezas naturais e históricas dos países que visitamos. Interessa conhecer seu povo, seu meio ambiente, o suporte que dão aos turistas, sua infraestrutura, seus pontos turísticos. Enfim, o mais possível, conhecer cada um na sua inteireza. Assim, temos coisas positivas e negativas acerca desses países que constatamos nesses trinta dias de viagem. Começaremos pelos negativos para encerrarmos a postagem em alto astral, pelas coisas belíssimas e emoções fortes que tivemos.
Pontos negativos: Antes de visitarmos a Escandinávia havíamos ouvido e lido acerca dos quatro países que a formam, todas positivas no sentido de que tinham o IDH dentre os mais altos do mundo, sua preocupação com o meio-ambiente, que eram povos mais avançados e especiais que o restante da Europa e assim por diante. Saímos daqui, todavia, com certeza de que essas verdades merecem alguns reparos.

Exceção feita à Finlândia os povos das grandes cidades da Suécia, Dinamarca e da Noruega se mostraram primitivos no quesito limpeza urbana e educação e, via de consequência,  preocupação ambiental. Como fumam muito, as ruas das cidades são forradas de restos de cigarros que eles jogam no chão sem qualquer cerimônia ou sem ficar enrusbecido. O mesmo acontece com copos, garrafas plásticas e papel que testemunhamos sendo jogados na rua, na nossa frente e de carros, na estrada. E não pensem que eram imigrantes. Era gente loira e de olhos azuis. A consequência disso pode ser vista nos lagos, rios e mar.
No tocante ao apoio ao turista, os quatro países perdem feio para os demais países da Europa que visitamos. Raras vezes, especialmente nos pontos turísticos do interior, vimos informações em outra língua que não a incompreensível deles. Quando íamos estacionar o carro, não sabíamos quanto era o estacionamento, até que hora era pago e como fazer pagamento. Quando havia gente por perto, perguntávamos. Quando não, em duas oportunidades pagamos sem haver necessidade.
Coisa rara, também, placas indicando em que direção estavam os principais pontos turísticos das cidades. Tínhamos que nos socorrer dos mapas para encontrá-los.
Mês de junho é um mês de vários feriados nos quatro países, religiosos e oficiais. Nesses dias, o turista que se exploda. Fecha tudo, inclusive restaurantes (só uns poucos ficam abertos), museus, centro de informações turísticas, etc. Nenhum plantão, nem informações em inglês, nos dias anteriores, de que haverá o fechamento. Cansamos de ver pessoas chegando, como nós, a pontos turísticos fechados à visitação e dar com as portas fechadas sem lá estar o motivo do fechamento. Neste particular, de salientar-se que eles, mesmo tendo dias muito longos ou, de uma altura para cima, só dia, os horários de fechamento dos museus e pontos turísticos continua o mesmo de inverno, 16 ou 17h, apesar do sol alto. Até parece que a indústria do turismo não é relevante para a economia deles, apesar de sabermos que é.
Quanto às estradas, viajar de carro na Escandinávia, especialmente Suécia e Noruega é para turistas experientes ou apenas para trechos curtos. Raríssimas são as estradas duplicadas e as simples, todas sem acostamento e com pouquíssimos pontos de ultrapassagem. As velocidades são limitadíssimas e com uma profusão de radares intimidadores. 50, 70 ou 90 km/h, no mais das vezes e os motoristas daqui viajam a 10 ou 20 kms menos que esses limites. É de dar sono. Além disso, são os piores motoristas que já vimos. Detestam ser ultrapassados e por várias vezes fomos fechados por eles quando isso procedíamos. Ademais, têm o péssimo costume de pisar no freio quando iniciávamos a manobra, exigindo cuidado redobrado para não bater na traseira deles. Quando vão sair da estrada, todo o cuidado é pouco. Param literalmente em cima da pista, para só depois, muito lentamente, adentrar na secundária, apesar de visibilidade e espaços de sobra para entrar diretamente. Os que transitam na rodovia que parem também.
Na Noruega, a sinalização horizontal de trânsito é só deles, diferente do resto do mundo. Só há faixas intercaladas. Nenhuma contínua. Além disso, tem três tamanhos diferentes, mas muito parecidos, dessas faixas intercaladas. Você não sabe quando pode ou não ultrapassar. A faixa intermediária, não descobrimos até agora para que serve já que presumimos que na maior é proibido ultrapassar e na menor, permitido. Nesse quadro tivemos que assumir alguns riscos em termos de velocidade para chegarmos aonde chegamos, sem, no entanto, em momento algum comprometer a segurança.

Por fim, no que toca à fama de países caros, ela corresponde e com louvor. Tudo é muito, mas muito mais caros do que os similares no resto da Europa. Hotéis, comida, gasolina, tickets, estacionamento, tudo com preços bem acima daqueles estabelecidos em Euro e, até mesmo, em libra.
Outra dificuldade que encontramos foi a diversidade de moedas nos países visitados, exceção feita à Finlândia, que já adotou o Euro. É coroa daqui, coroa dali, com conversão diferente para cada uma delas, dificultando, sobremaneira, a circulação entre esses países, sem contar o risco de ficar com saldo de moedas que não servem para mais nada. A dica é, no último, desovar tudo no hotel, no restaurante ou no posto de combustível.

Pontos positivos: Como dissemos, terminaríamos com os pontos positivos da viagem, mesmo porque, superaram, em muito aqueles negativos que acabamos de relatar. Em primeiro lugar o povo. Fomos muito bem tratados nos quatro países. Sempre que precisamos de algo e pedimos, fomos simpaticamente atendidos e, mesmo quando estávamos apenas consultando um mapa, alguém se acercava perguntando se precisávamos de ajuda. A recepção que tivemos em Gol, na Noruega, do Guttorm e da Äse, é um exemplo de como fomos bem tratados aqui. De se destacar, também, o alto nível de qualidade de vida destes povos, saltando aos olhos um socialismo de sucesso, onde, na média, todos têm um nível de vida digno e confortável.
Em segundo lugar, a natureza única e espetacular que encontramos aqui. Os fiordes da Noruega, a cobertura vegetal abundante em todos os países, suas ilhas, sua relação com os mares que os rodeiam, onde construíram castelos e curtem intensamente o verão, fez com que sempre viajássemos em ambientes agradáveis e belos e tivéssemos uma mostra de como, respeitando a natureza, eles atraem mais e mais turistas para os seus países.
Todos os países têm uma história rica, bem preservada e com culto permanente às suas tradições. Eles se orgulham muito do seu passado e fazem questão de mostrá-lo e preservá-lo. Museus, castelos, parques temáticos com reprodução da vida, atividade e residência de seus ancestrais, são mostra desse respeito e reverência às suas raízes.
A suas rodovias, apesar da ressalva feita anteriormente, sempre em ótimas condições de conservação e que permitem um acesso seguro a todos os destinos programados.

A fauna, a flora e os fenômenos naturais ímpares e as grandes obras de engenharia são imperdíveis. O círculo polar ártico, o sol da meia-noite e de toda a madrugada, a Lapônia e os sonhos do Papai Noel que representa, os mares internos e externos, as grandes pontes mar adentro, como as que ligam as duas partes de Dinamarca, esta com a Suécia e esta com a Ilha de Öland e a rodovia do Atlântico, são impactantes. As paisagens dos vales e dos fiordes entre Forde e Alesund e as paisagens entre Trondheim e Tromso, são tão exuberantes que somente as percorrendo, para ser ter a noção da beleza concentrada ali.
Quatro capitais, cada uma com suas peculiaridades, suas características e sua beleza. Em nosso pessoal julgamento, considerando todos os aspectos que um turista deseja de uma cidade, as classificaríamos na seguinte ordem: Estocolmo, Helsinque, Oslo e Copenhagen. As cidades do interior, todas muito bem cuidadas e organizadas e muito prazeirosas para se visitar, exalando uma qualidade de vida impressionante.

Nos emocionamos intensamente com muita coisa nesta viagem. É uma viagem marcante nas nossas vidas. Sermos recebidos na intimidade de uma família norueguesa e viver a intensidade do sol da meia-noite, são exemplos disso. Isso tudo, porém, foi exaustivamente descrito em cada postagem diária que fizemos e é desnecessário repetir aqui nos pontos positivos da viagem.

Este blog, produzido por nós com muito prazer, foi fator de diversão e deleite pela companhia, comentários, habilitação como seguidor oficial, fez com que nossa viagem tenha se tornado mais completa e prazeirosa. No mês, foram 1845 acessos, sendo 1560 do Brasil, 67 da Finlândia, 44 da Noruega, 37 do EUA, 27 da Dinamarca, 10 de Portugal, 9 da Alemanha e 7 da Rússia, dando noção da responsabilidade  que trouxemos para nós, com a criação do blog. É um prazer, todavia.
Homenageando o Nelson Mendes, nosso mais frequente e quase diário comentarista, homenageamos e agradecemos todos aqueles que acessaram e comentaram, aqueles que se habilitaram como seguidores oficiais e todos aqueles que apenas acessaram e, de alguma forma, curtiram e viajaram conosco. Todos vocês fizeram nossa viagem muito melhor e multiplicaram cada emoção que tivemos. Obrigado, de coração.
A próxima viagem será em setembro, pela maior parte da França, especialmente mais ao sul de Paris e pela parte da Espanha que ainda não conhecemos, bem próxima dos Pirineus. Desde já todos estão convidados para acompanhá-la aqui. Em meados de agosto, porém, já terão um aperitivo quando o aniversário da blogueira será comemorado no tido hoje, como o melhor hotel do Brasil, o Saint Andrews, há pouco inaugurado em Gramado. As impressões do lugar estarão aqui.
Um grande beijo e, mais uma vez, obrigado pela gostosa companhia de todos nesta maravilhosa viagem. Narcísio e Dirlei.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Öland, ótimo lugar para se terminar uma viagem

Seguidores e Seguidoras,

Não poderíamos ter escolhido melhor lugar para terminarmos nossa viagem, do que a Ilha de Öland, já que amanhã será dia retorno para Copenhage e resumo do que merece destaque em toda a viagem.

Após o completo café da manhã, decidimos que faríamos a ilha de um extremo ao outro e que o desafio seria  ir até os  faróis náuticos do extremo sul  e do extremo norte. Para cumprir nosso desiderato, saímos, por volta das 11h, rumo ao sul, pelo lado oeste da ilha. No início, região mais povoada, com médias e pequenas vilas, predominantemente agrícolas, já que a ilha, nos pontos mais afastados do seu centro mais povoado onde estamos hospedados, é mais voltada para a agricultura do que para o mar. À medida que íamos para o sul, as plantações se estendiam até o mar, num constraste interessante entre o verde  e o azul do mar.

Logo que começamos o percurso, fomos chamados, por placas indicativas, a conhecer um dos tesouros arqueológico da ilha. Uma pedra runa, com inscrições versadas feitas em homenagem ao Rei Sibbe, provavelmente um rei que viveu na ilha e morreu numa batalha. A pedra não é originária da ilha e foi aqui trazida especialmente para homenagear o seu rei e seu interessante feito. Seus escritos ainda estão perfeitamente legíveis, apesar de terem sido feitos no ano 1000, na transição entre a fé local e o cristianismo.

Após sairmos da estrada várias vezes para irmos até o mar em locais de camping e pequenas cidades,  além de vermos a predominância da agricultura e da pecuária que se estendiam até o mar, demos de frente com um grande muro que dividia a ilha em duas partes. Na placa que havia no local, havia menção de ser o muro do  Rei Charles X, construído  em 1653, com 4611m. Referido rei havia sido confinado na ilha e o construiu, segundo uns, para dividir a ilha em duas e ali manter cercados seus veados de caça e, para outros, seria uma forma de proteger-se de seus inimigos. A dúvida persiste até hoje mas, o que importa é podermos ter nos deliciado com essa importante e gigantesca construção.

Logo em seguida demos de cara com uma pequena réplica de uma igreja tendo ao fundo um monte com uma cruz em uma de suas extremidades. As informações no local nos mostraram ser a capela de São João, construída por mercadores  no século 13, na confluência da vila dos pescadores  com a dos comerciantes. Estudos mostraram que ela servia, a um só tempo, como local de orações e de estoque de comida e mantimentos.

Ao chegarmos no final da ilha nos deparamos com um portentoso e bem conservado farol, localizado numa reserva natural de pássaros. Tanto assim é que, além do maravilhoso farol e do fim da ilha, que em toda a sua extensão mede mais de 150km,  havia muitos pássaros no local, especialmente grandes cisnes, andorinhas, marrecos d'água e muitas outras típicas desta região.

Após uma respirada, retomamos  a viagem agora rumo ao norte pelo lado leste da ilha e, nem bem iniciamos o percurso e já nos defrontamos com um importante, dentre os vários achados arqueológicos da ilha que encontramos pelo caminho. O Forte de Eketorp, que se destacava no horizonte à medida que nos aproximávamos. O forte teve iniciada sua construção nos anos 300 e era usado pela população circundante para sessões públicas, cerimônias religiosas e refúgio  em caso de ataque. Foi abandonado por volta do ano de 1240. Escavações recentes mostraram  que o povo que vivia em torno do forte  tinha cavalos, gado, ovelhas, cabritos, porcos, gansos, patos, gatos e cachorros.  Sua história tem muitos dados interessantes que não cabem nesta postagem. Quem passar por estas bandas, certamente  ficará agradecido de fazer uma visita a um lugar tão interessante e rico em patrimônio histórico.

Na subida em direção ao norte nos deparamos com vários sítios arqueológicos que corroboram os dados históricos que dão conta do longo tempo de ocupação da ilha por antigos povos. Subimos pelo lado leste até mais da metade da ilha passando por sua longa planície de exploração agrícola e pecuária que ia até à beira do mar. Ao longe, não raro, víamos o vento que sopra sobre a ilha sendo aproveitado por usinas de energia eólica, repetindo a história dos antepassados que ocuparam a ilha e que usavam os velhos moinhos de madeira que até hoje remanescem  em grande número, nas fazendas locais.

Cruzamos a ilha de leste para oeste já que a paisagem se repetia e víamos que no lado oeste havia mais cidades e variedade de micro sistemas. Nesse lado, nos deparamos com alguns povoados de médio porte, secundados por outros de pequeno,  além de campings, resorts, campos de golpe e uma bela paisagem já que a estrada seguia bem perto do mar.

Finalmente alcançamos, primeiro uma tranquila baía  no extremo norte e, depois, por uma estrada secundária, cumprimos o desiderato do dia ao visitarmos o farol guia do extremo norte. Ali o mar se extendia até o infinito, não se podendo perceber, como  no sul do Brasil, a curvatura do globo terreste. Aqui, devido à localização, a sensação é de que a terra não tem curvatura e o oceano segue plano até o infinito.

Em comparação, o farol do sul está mais conservado e num lugar significativo, já que é uma reserva natural de proteção de pássaros. O do norte, porém, tem uma vantagem. Permite o acesso ao oceano, possibilitando à blogueira colacar os pés nas águas do Báltico. Curtimos muito este fim de tarde de sol pleno e a "conquista" da ilha, apesar de sua extensão.

Chegamos de volta ao hotel  por volta das 19h e, após pequeno descanso, um jantar no próprio hotel,  com entrada de maionese de camarão sobre torrada para a blogueira e, como prato principal, um steak para ambos já que, apesar da relação e proximidade com o mar, constatamos durante a viagem que o forte dos escandinavos é carne. Na preparação de frutos do mar, estão há kms de distância de nós. A harmonização se deu com um blend de merlot, carbernet sauvignon e outro vinho sul africano. Repetimos a sobremesa de morango com sorvete e creme, que havíamos experimentado ontem, porque estava divina.

Depois do jantar, a sagrada caminhada, ainda com resquícios de sol, pelo povoado que cerca o hotel. Amanhã será dia de retorno para Copenhage para viajarmos de volta na quinta. Não percam, todavia, o blog de amanhã. Será um resumo da viagem, com tudo de ruim e de bom que encontramos na escandinávia, com dicas interessantes para quem ainda não a conhece. Até lá. Beijos. Narcísio e Dirlei.


Pequena cidade na parte sual de Öland

Velhos moinhos de vento, tônica em todas as fazendas da ilha

Pedra runa, do ano 1000, com versos em homenagem ao Rei Sibbe

Muro Rei Charles X, de 4611m

Litoral pedregoso da parte oeste do sul da Ilha

Pequenas marinas no litoral de Öland

Réplica da igreja de São João, com o monte ao fundo onde estava construída

Farol do extremo sul de Öland

Bando de cisnes brancos da reserva natural de pássaros do sul da ilha

Fortaleza de Eketorp, no leste do sul da ilha

A blogueira, assando pão à moda medieval, no interior da fortaleza

Casario no interior da Fortaleza de Eketorp

Réplica do que foi Eketorp no seu auge

Sítios arqueológicos por toda a ilha

Castelo de Borgholm, na parte nordeste de Öland

O sol refletido no mar, no nordeste da ilha

Baía no extremo norte de Öland

Farol do extremo norte de Öland

Praia pedregosa, no norte da ilha

Blogueira, molhando os pés no Báltico, próximo do farol do norte

O blogueiro, posando em frente do farol do norte


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sul da Suécia, beleza pura

Seguidores e Seguidoras,

Hoje a plenitude do céu azul do sul da Suécia nos reservou duas grandes surpresas agradáveis: Växjö e Kalmar. Planejamento urbano, limpeza, respeito ao pedestre e ao motorista, belezas naturais e históricas que dão o toque de respeito ao meio ambiente e à cultura.

Começamos o dia com sol e céu azul, com um ótimo café da manhã do hotel Clarion de Växjö, após o que fomos visitar a cidade. Já nos havíamos impressionado quando entramos de carro na cidade ontem no fim da tarde. Tudo muito limpo, organizado, prédios bem cuidados. Hoje constatamos isso no centro da cidade.  O grande centro, numa área muitas vezes de perder de vista, foi todo fechado para uso apenas dos pedestres, com exceção dos serviços, hotéis e garagens de prédios que foram abrangidos pelo sistema. Todas as ruas bem calçadas, muito limpas em relação ao resto da escandinávia, salvo exceções,  e com tudo à mão para quem anda a pé. Na periferia, como deve ser, bolsões e prédios de estacionamento permitem que qualquer um tenha acesso fácil e rápido ao que lhe interessa no centro sem, no entanto, congestiná-lo, como acontece com nossas cidades. Nesse particular, Växjö é um modelo de como devem ser organizadas e planejadas as cidades pequenas e médias.

Nesse clima, após caminhar pelas principais ruas da cidade, fomos visitar a Catedral de Växjö, que fica ao final de uma rua paralela ao calçadão da cidade e se caracteriza por ter  dois cumes de torre, numa única torre, conforme poderão ver nas fotos que postaremos hoje. Ela teve origem no século 11, quando ainda era de madeira e modificou-se ao longo do tempo, principalmente por força de um grande incêndio que a destruiu. Sua torre também chegou a ser destruída por um raio  em 1740. Foi reconstruída várias vezes até que  no início do século 19 adquiriu a aparência que até hoje tem, cuja torre foi copiada da Catedral de Kalmar, durante o período áureo do seu castelo, conforme trataremos a seguir. O interior, como o de todas as catedrais da escandinávia, é simples e nada há a ser destacado.

Da igreja fomos visitar o parque que a rodeia e que dá num grande lago, com suas margens urbanizadas e que proporciona um toque de beleza especial à cidade.  No referido jardim, como curiosidade, um canteiro de cactus ricamente elaborado, onde consta o nome da cidade, inclusive com os pingos sobre o ä e o ö, feitos com cactus.

Växjö está situada na província de Smäland e é a base ideal para explorar o Glasriket, ou Reino do Cristal, a região produtora de cristais mais famosa do mundo. A principal atração da cidade  é o Smälands Museum, que conta os 400 anos de história da fabricação do vidro e constitui boa prévia para uma visita  a qualquer das inúmeras  fábricas espalhadas pelas florestas circundantes. A visita que fizemos ao museu foi muito enriquecedora. Além de mostrar espécimes de toda a evolução do vidro e do cristal no correr do tempo, mostra filmes antigos de como se fazia o vidro e os cristais há tempos passados, com muito sacrifício e habilidades dos profissionais hábeis no ofício. A visita ao museu é um dos pontos altos do turismo na cidade e recomendamos.

De Växjö, no meio da tarde rumamos novamente para o litoral sul, já que aqui nos recomendaram a visita a Kalmar, na beira do Báltico, a 106 km dali. Outra cidade de pequena para média,  com todas as características anteriormente descritas em relação a Växjö, tendo como diferencial o mar, uma grande praça magnífica com a Catedral e prédios históricos, administrativos e hotéis de arquitetura belíssima. Visitamos a Catedral de Kalmar, suas ruas fechadas ao tráfego, especialmente seu calçadão e depois, por um parque, fomos em busca do Castelo de Kalmar, que fica retirado do centro, já numa ponta adentrando o mar. O lugar é magnífico, pontencializado pelo sol e céu azul. Ao chegarmos no castelo resolvemos visitá-lo, mesmo porque, lá havia uma  exposição de vários grandes pintores como Picasso e Matisse, dentre outros de igual ou menor importância. O castelo era constituído, originalmente, apenas de um única torre que servia para defender a cidade contra piratas e inimigos, construída em 1180. Ao seu redor, no século 13, começou a construção do povoado que hoje é a cidade de Kalmar. Construído o castelo nessa mesma época, foi considerado, então, o mais moderno e eficiente castelo da Suécia. O evento mais importante nele ocorrido  foi o consenso firmado no ano de 1397, quando Suécia, Noruega e Dinamarca, no sentido de terem leis  e polícias comuns. O castelo, hoje, é a maior atração turística da cidade, para onde acorre gente de todas as idades. De se registrar que, no seu grande salão de festas e jantares, há uma mesa posta com representação da comida como o era no auge de sua existência, na Idade Média. Visita que se recomenda, especialmente por sua beleza e por sua rica história.

Aqui, vale registrar uma curiosidade de várias estradas da Suécia, fato que se repetiu entre Växjö e Kalmar. Estradas mistas, entre simples e duplicadas, mesmo sendo regiões planas, só de retas. Numa parte a estrada é simples, mas não permite ultrapassagens porque as pistas são dividadas por guardrails.Três a quatro kms depois, um trecho de cerca de 1 ou 2kms de estrada duplicada, e assim sucessivamente. Meio estranho já que nos trechos sem duplicação, mesmo em retas, você não pode ultrapassar um caminhão ou carro que trafega lentamente pela via. Enfim, nunca havíamos visto algo semelhante em nenhuma parte do mundo.

Da cidade de Kalmar, por uma extensa ponte sobre o mar, fomos para a Ilha de Öland, onde estamos hospedados no encantador hotel  e spa Skansen, localizado dentro de uma extensa área verde e arborizada, bem próxima do mar.

Nele jantamos peixes típicos daqui, acompanhados de um Chardonay da Califórnia, e uma deliciosa sobremesa de morangos locais, com sorvete e creme. Para baixar a comida, fomos dar uma volta pelo parque circundante e fomos  até o mar onde, do outro lado, ao longe, avistamos Kalmar, à qual a enorme e longa ilha pertence. Nos próximos dois dias a exploraremos de norte a sul, já que os prospectos nos dão uma expectativa muito positiva acerca das belezas naturais, históricas e arqueológicas que encontraremos. Isto, porém, será assunto para as próximas postagens. Beijos. Narcísio e Dirlei.


Catedral de Växjö, com suas torres gêmeas

Parque de Växjö, com canteiro de cactus, onde as plantas formam o nome da cidade

Lago que embeleza Växjö

As margens urbanizadas do lago

Cristal do Museu de Smälands, em Växjö

Outra mostra de cristal trabalhado do museu de Växjö

Antigo moinho de vento, dentre outros prédios transplantados nos jardins do museu de Växjö

Catedral de Kalmar, na sua grande praça

Outros prédios de arquitetura bem elaborada, na grande praça de Kalmar

Calçadão de Kalmar

Canal que corta Kalmar, com sua grande torre ao fundo

Castelo de Kalmar

Vista mais abrangente do Castelo de Kalmar

O mar Báltico beijando os parque se Kalmar





domingo, 26 de junho de 2011

Turku e travessia do Báltico

Seguidoras e Seguidores,

Primeiro, nosso carinho e boas vindas à amiga Catia Cilene, que conhecemos em Helsinque, que hoje se habilitou como seguidora oficial do Blog. Registramos, também, o acesso, hoje, de 25 filandeses no blog que, defitivamente, se tornou internacional.
Ontem nada postamos porque estávamos num navio cruzeiro cruzando o mar Báltico entre Helsinque e Estocolmo e na nossa cabine não havia wireless internet. Só nas áreas comuns o que era de todo inconveniente para escrever já que havia grande movimentação de pessoas.
Ontem saímos cedo de Helsinque em direção a Turku, cidade portuária da Finlândia, mais próxima da Suécia. Nos cerca de 160 kms havia pouca agricultura e muita mata sobre uma chão muito rochoso. Os cortes na estrada e os túneis nos mostraram porque havia poucas cidades e pouca agricultura no caminho.
Chegamos a Turku no início da tarde. Porto movimentado, dotado de um centro moderno, Turku é a porta ocidental da Finlândia. Turku (Abo, em sueco) foi a primeira cidade do país no período em que a Suécia dominou o território. Até hoje o sueco ainda é muito falado na região e percebemos que as placas de indicação na cidade  são escritas nas duas línguas. No século 17 Turku ganhou a primeira universidade filandesa.

A Catedral de Turku, do ano de 1300, é o principal templo da igreja evangélica luterana da Finlândia. Seu museu conta com tesouros eclisiásticos. Destacam-se, ainda, no seu interior, duas obras em acrílico e papel,inspiradas nas de Andy Warroll.
A construção do Castelo de Turku começou no final do século 13 e foi concluído somente no século 16, no reinado do Duque João e Catarina Jagellonica, quando acrescentaram o salão renascença, o salão do rei e o da rainha. A história do castelo e da cidade pode ser vista no museu histórico de Turku, situado dentro das muralhas do castelo.
Outros pontos de interesse são a margem ocidental do rio Aura – quase toda criada por Karl Engel, arquiteto alemão responsável por boa parte dos edifícios neoclássicos de Helsinque – e o mercado coberto. Também há cruzeiros pelo arquipélago.

A beleza de Turku está concentrada na região do canal urbanizado e com muitos barcos transformados em bares e restaurantes, e na região da catedral e do castelo. O restante da cidade não oferece nenhum atrativo digno de registro, sequer a sua grande praça, toda assimétrica e sem prédios interessantes.

Ficamos dando voltas pela cidade, inclusive por seus parques, até a hora da travessia, 21h. Como era feriado na cidade e estava tudo fechado, não tínhamos onde comprar os tickets para o embarque. Levamos um susto quando chegamos no guichê e nos foi perguntado se tínhamos feito reserva. Resposta negativa, o caixa começou a procurar alguma vaga, inclusive ligando para o navio. Felizmente conseguimos uma. Para nossa surpresa, era um navio de cruzeiro,  cabendo-nos uma cabine em boas condições, com cama e banheiro. Depois de jantarmos num dos vários restaurantes do navio (salmão o blogueiro e sirloin steak,a blogueira), acompanhado de um ótimo vinho chileno, fomos dar um voltinha no free shop e acompanhar a paisagem já que, até a hora de dormirmos, ainda passávamos por entre ilhas que salpicam o Báltico, nesta região. Depois de uma ótima noite de sono, quando acordamos, por volta das 5,30h, já estávamos próximo de Estocolmo, com belíssima paisagens das ilhas com suas lindas casas de veraneio.

Pegamos o carro e saímos em direção ao litoral suleste da Suécia, já que havíamos subido pelo oeste de Malmö a Gotemburgo, com o objetivo de pegar um ferry boat para a famosa Ilha de Gotland. A estrada se notabilizou por cruzar pequenas e bucólicas cidades e por bem cuidadas e belas fazendas de criação de gado, coisa que não havíamos visto em outras regiões do país.

Chegamos na cidade de Oskarshamn, que visitamos durante a tarde para pegarmos o ferry para Visby, capital da ilha de Gotland, às 21h. Ocorre, todavia que, volta das 19,00 horas o barco que atracou era menor do que o costumeiro, apesar de ser apenas um no dia, quando normalmente são três, fato que superlotou com quem havia feito reserva antecipada e não pudemos ir. De se ressaltar a total falta de informação no local de embarque, onde estivemos durante toda a tarde, acerca da necessidade de reserva antecipada, onde se fazer essa reserva, site da internet e, nem mesmo, o nome da empresa. No local não havia qualquer suporte, nem mesmo banheiro. Vários que ficaram longo tempo na fila, como nós, não puderam ir. Um tremendo desrespeito. A propósito, o despreparo, no tocante a informações em inglês nos acessos aos serviços, é uma tônica na escandinávia, muito diferente do que temos presenciado em outros países. O atraso deles, neste particular, é espantoso.

A cidade de Oskarshamn  fica à beiramar, tem um casario e praças muito interessantes e um lindo parque que circunda a Igreja e, como de costume na escandinávia, os mortos são enterrados nesses parques circundantes. A cidade é dividida por um vale sendo que, por uma passarela passamos para o outro lado para visitação de um parque que fica no alto de um monte onde se destaca uma grande torre encimada por bandeiras.

Inviabilizada a visita a Gotland, viemos passar a noite em Växjö, no coração da Suécia, cidade que, de plano, nos causou ótima impressão. Assunto para amanhã, todavia. Beijos. Narcísio e Dirlei.

Visão da estrada que liga Helsinque a Turku

Predominância de rochas entre Helsinque e Turku

Visão da urbanizada da via que ladeia o canal de Turku

Canal urbanizado de Turku e seus barcos/bar/restaurante

Decoração do canal de Turku com patos gigantes

Visão do canal e da catedral de Turku

Catedral de Turku data de 1300

Obra e acrílico e papel, exposta numa das capelas da catedral, inspirada em Andy Warrol

Prédio projetado por Karsl Engel, no centro de Turku

Visão desde os fundos do castelo de Turku

Visão frontal do Castelo

Museu arte de Turku, ao final e no alto da rua principal

Calçadão de Turku. Tomamos um belo chopp no bar à direita

Isabela, o navio cruzeiro que nos transportou de Turku a Estocolmo

Visão do por do sol e das ilhas no percurso do navio

Belo prédio na praça de Oskarshamn

Praça da cidade de Oskarshamn

Torre que se sobressai no parque da cidade

Cemitério típico da Escandinávia, em parques ao redor da igreja. Este em Oskarshmn

Igreja da cidade