domingo, 4 de setembro de 2011

Fecho de ouro na Alsácia e estreando a Borgonha

Seguidores e Seguidoras,

Hoje, como o título já diz, fechamos a belíssima Alsácia com chave de ouro, especialmente por Colmar e Eguisheim. De gorjeta, levamos Neuf-Brisach.

Colmar, onde dormimos e só havíamos dado uma olhada à noite, de dia revelou-se imperdível. Seu casario enxaimel está todo preservado com sua aparência original, como se ainda fosse a Idade Média, mas que apenas recebeu conservação e uma pintura, no mais das vezes, discreta. Não esperem floreiras coloridas nas janelas, salvo raras excessões. Nem por isso sua beleza perde em qualidade. Ao contrário, ela mantém-se interessante justamente por isso.

Colmar é a cidade mais bem preservada da Alsácia. Como posto de comércio e porto fluvial, teve seu apogeu no século XVI, quando os comerciantes de vinho embarcavam o produto que era enviado pelos canais (como são lindos) hoje conhecidos como petite venise. Esses canais proporcionam passeios magníficos, tanto de barco, como a pé, já que o casario que os rodeia e as flores afixadas na suas proteções de margem, formam um cenário encantador. Vale também um passeio pela Rue des Tanneurs e à Place l'Alsacienne Douane dominada pela Koifhüs, uma alfândega em galeria, com telhas da Borgonha.  Ela dá para casas com madeirame à vista, em tons pastel e com pilares esculpidos.


Após catedrais, praças e ruas de infindáveis casarões típicos, retornamos ao hotel para a retomada da viagem. Qual não foi a nossa surpresa quando, na praça defronte ao hotel uma banda de instrumentos de sopro fazia uma performance no coreto lá existente. Nos juntamos aos que lá estavam assistindo, sentados nos bancos da praça, na grama ou onde fosse, e ficamos ali a curtir com emoção aquela apresentação, tão comum por estas terras e, para nós, tão raras dado o descaso que nosso país tem com a arte popular.

Dali seguimos para Neuf-Brissach, cerca de 20 kms de Colmar. Próxima da fronteira com a Alemanha, esta cidade octogonal foi projetada pelo estrategista militar Vauban e construída entre 1698 e 1707. Segue um padrão de estrela, com torres simétricas, encerrando 48 quadrados. Do centro de onde se irradiam suas retas para facilitar a defesa, está a Place D'Armes e a Eglise de ST-Louis.

Na ponte de Belfort está o Museu Vauban, que possui um modelo da cidade em relevo, mostrando as defesas exteriores, agora cobertas com a vegetação. Elas representam as primeiras barreiras da fortaleza e são a razão pelo qual a cidadela nunca foi tomada pelos inimigos.

A história da cidade é única, mormente pelo estado beligerante que imperava na época nesta região, mas a visita não vale a pena. No seu interior o casario é bem comum, sem qualquer beleza. Das três muralhas é possível se ver apenas uma delas já que as outras foram suplantadas pela vegetação.

Dali seguimos para Eguisheim, que fica distante de Colmar cerca de 10 km. Em termos de  plasticidade, ela se equivale a Obernai. Lindíssima. Imperdível. Uma jóia rara. Quem vem até Colmar, a capital do vinho da alsácia, não pode deixar de dar um pulinho até Eguisheim para com ela se encantar.

Eguisheim, como dito, é uma cidade muito especial. Envolvida em muralhas do século XIII, o grupo de fortificações auteras e a elegância local formam um conjunto harmonioso. No centro da cidade está o Castelo Feudal Octogonal dos condes de Eguisheim. Uma fonte renascentista em frente ao castelo ostenta a estátua de Bruno Eguisheim, nascido aqui em 1002, mais tarde Papa Leão IX e posteriormente canonizado.

Na Grand-Rue alinham-se casas com madeirame à vista, muitas ostentando o ano de construção e todas muito bem pintadas e decoradas com uma profusão incrível de flores e brasões. A cidade mantém um ar de 'joão e maria'. Nos pátios, oferecem-se vinhos grand crus para degustação em caves não menos belas que o casario.  Próximo ao limite da cidade, caminhos levam aos vinhedos, formando uma comunhão perfeita entre a cidade e as videiras vastas que a cercam. Foi, sem dúvida, um fechamento em grande estilo da nossa passagem pela Alsácia que, sozinha, vale uma viagem.

Saíndo da Alsácia, partimos em direção ao coração da França, mais precisamente a região de Franche-Comte e Borgonha. Foi sair da Alsácia e o ecossistema já mudou. Antes, planícies e encostas verdejantes com parrerais, agora montanhas, vales e um planalto com vastas pastagens de gado pontilhadas com pequenas e  pitorescas cidades.  O tempo, que estava bom pela manhã, quando pegamos a estrada para esta nova região fechou e começou a chover forte. Mesmo assim, numa pequena estiada paramos para conhecer Besançon.

Besançon, capital do Franche-Compte desde o século XVII  e centro eclesiástico no início, é agora um centro industrial, especializado em engenharia de precisão. A arquitetura imponente da cidade velha, predominantemente construída em pedras claras em rosa e cinza e frequentemente enriquecida com elegante trabalho em ferro batido, é um legado do século XVII. A cidade é famosa por produção de relógios e por ser o local de nascimento do romancista Victor Hugo e dos irmãos Lumiére.

Atrás do Museu do Tempo, demos com uma grande e diversificada feira de produtos alimentícios produzidos na região e vendidos pelos próprios produtores. Lá se via o padeiro fazendo o pão, o vinicultor servindo seu vinho, outros salame, comidas típicas, destacando-se megas frigideiras com batatas cortadas em rodelas, sendo preparadas com bacon e outros ingredientes que não identificamos. A blogueira não deixou por menos. Uma baguete quente com queijo, bacon e cebola e uma boa biérre au pression estupidamente gelada, deu o fecho que faltava para nossa estada nessa interessante e rica culturalmente cidade de Besançon.

Dali, seguimos para Dijon, Capital da Borgonha, que fica cerca de 90 km de Besançon. Já chegamos com sol. Do pouco que vimos, a cidade promete. Como de costume, sentamos em pista de mesa na Place de la Liberation, que forma um conjunto com o Palácio dos Duques da Borgonha, onde a fofoca correu solta e nos devertimos com as crianças, sob as críticas dos pais, de roupa e tudo se molhando no chafariz que brotava do chão, fazendo diversos efeitos. Ali bebemos o nosso chopp e jantamos. Mais uma voltinha para ver o que nos espera para amanhã e retornamos ao hotel, que fica bem no centro. Isto, porém, é assunto para amanhã. Não se esqueçam. Um clic na foto e ela aparecerá em meia página. Um novo clic e ela aparecerá de tela inteira e você se sentirá como se estivesse lá na hora que foi tirada. Beijos. Narcísio e Dirlei.


Esta e as próximas 11 fotos são as belezas que vimos em Colmar











Banda de Sopro que assistimos numa praça de Colmar

Place D'Armes da cidade/fortaleza de Neuf-Brisach

A blogueira na fortaleza de Neuf-Brisach
Esta e as próximas sete fotos são da encantadora Eguisheim








Casario em pedras claras de Besançon

Interio do interessante museu do tempo em Besançon

Barraca de pães na feira de domingo, em Besançon

Prefeitura de Bensançon



Um comentário:

  1. Por favor, bebam um vinho branco da Borgonha. Absolutamente sem dúvida nenhuma é a "minha" região de vinho branco. #delícia

    A viagem está uma delícia de ler.

    Saudades de vocês.
    Beijoca

    ResponderExcluir