segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Borgonha. Entramos definitivamente no espírito francês

Seguidores e Seguidores,

De plano, gostaríamos de registrar que embarcaram no banco de trás do nosso possante, como seguidores oficiais, a Diana Chierighini e o Gustavo Wiggers. Sejam bem vindos e aproveitem bem a carona.

Hoje foi um dia de mergulhar definitivamente no espírito francês, conhecendo a Borgonha mais a fundo. É que, como dito nas postagens anteriores, corria no nosso espírito a incerteza se estávamos na Alemanha ou na França, pela extrema similitude de estilo de construções, comidas, nomes, etc. que a região da Alsácia tem com a Alemanha. Hoje, não. Raras vezes vimos casas enxaimel ou nomes alemães. Fomos fundo no interior da França, na Borgonha, para conhecer de perto o jeito de ser do francês interiorano, sua comida, seu estilo de construir, de falar, etc. Começamos por Dijon, o que foi muito emblemático.

O centro de Dijon é conhecido por seu esplendor arquitetônico, herança dos Duques de Borgonha. Parlamentares ricos também mandavam construir elegantes mansões  nos séculos 17 e 18. Capital da Borgonha, Dijon atualmente tem uma vida cultural rica e uma famosa universidade. Os grandes tesouros de arte da cidade  estão no Palais des Ducs. Dijon também é famosa por sua mostarda, scargots e pelo pão de gengibre, lembrança  da posição da cidade  na rota das especiarias. Tornou-se um eixo ferroviário durante  o século 19. Hoje o TGV faz  Paris-Dijon.

O centro de Dijon é um interessante emaranhado de pequenas ruas. A rue de Forges, atrás do Palais des Ducs, foi a principal via  da cidade até o século 18. Seu nome é em homenagem  aos joalheiros e ourives que tinham oficinas ali.  Na rue de Vanerie, diversas casas  devem ser notadas pelo seu estilo e história.

Dijon não pode ser tida como uma cidade com uma beleza harmoniosa e por inteiro. Ela sobrevive da beleza pontual de seus monumentos e determinadas ruas com específicas construções. Vale a visita, todavia, pela intensidade  e significado de um Palais des Ducs e a grande praça da Libération, de sua gente, sua comida, seu sotaque e o título de capital da Borgonha, o que não é pouco. Recomendamos para aqueles que gostam de um turismo interessado na cultura e diversidade das regiões e de seus povos.

De Dijon, descendo um pouco mais para o sul, mais fundo ainda na Borgonha, fomos visitar Beaune. Que bela surpresa. Além de seu estilo peculiar de construções, de pedras claras e de coloração variada, a visita vale, e muito, para conhecer o Hôtel-Dieu. Impressionante.

Depois da Guerra dos Cem Anos, muitos dos habitantes de Beaune sofreram efeitos da pobreza e da fome. O chanceler Nicolas Rolin e sua mulher fundaram, então, uma hospedaria em 1443, inspirada na arquitetura do hospital Valenciennes e projetada pelo mestre  flamengo Jehan Wisecrère. Os Rolins ofereciam  uma subvenção anual, vinhas e usinas de sal como renda. Hoje a hospedaria é uma jóia medieval, com seus telhados borgonheses, geométricos e coloridos. Tem ainda, obras de arte religiosas: a estátua de Cristo em suplício, entalhada em madeira e painéis  de Rogier van der Weyden, com o Juízo Final.

O seu telhado colorido e seu interior todo preservado, inclusive com as camas, em perfeita arrumação, onde os enfermos ficavam, é impressionante. Esperamos que as fotos possam dar uma leve idéia da emoção que sentimos.

De Beaune partimos um pouco para leste, para visitar Dole e seu impressionante encontro de águas de grandes rios já que ela fica onde o Rio Doubs encontra o canal formado pelos rios Reno e Ródano.  Antiga capital da região do Comté, foi sempre símbolo da resistência da região aos franceses. A região habituara-se  à relativa independência, primeiramente sob os condes de borgonha e depois como parte do Sacro Império Romano. Embora sempre tenha falado francês, seu povo não gostava da idéia da monarquia absolutista francesa e, em 1636, enfrentou um cerco muito longo. A cidade rendeu-se a Luis XIV, primeiro em 1668 e de novo em 1674. Há um grande quarteirão histórico encantador no centro, cheio de vielas, casas do século XV e pátios internos. Como cereja do bolo, Dole ainda é terra natal de Pasteurs, que tantos benefícios trouxe à humanidades. A ela, pois, nossas homenagens, pela resistência, pela pureza da sua beleza, pela magnitude do encontro dos seus três grandes rios e pelo legado á humanidade através de seu filho ilustre. Visita recomendada.

Por fim, nos dirigimos para Arc-et-Senans, um pouco mais ao sul, pela impressionante Usina de Sal lá construída.

Designada patrimônio histórico da humanidade desde 1982, a Saline Royal em Arc-et-Senans foi projetada  pelo grande arquiteto francês  Claude -Nicolas Ledoux (1736-1806). Ele vislumbrou um complexo construído em cículos concêntricos ao redor dos prédios principais. Os únicos a ser completados (1775) foram, contudo, prédios construídos para a produção de sal. Estes mostram a escala da idéia de Ledoux: a água salgada seria trazida  por tubos da vizinha  Salins-les-Bains e o combustível para fazê-la evaporar  viria da floresta de Chaux, no seu derredor. O empreendimento terminou em 1895, mas os prédios  permanecem.

O local é impressionante pela sua magnitude e isolamento, próximo de uma minúscula cidade. Lembram-se que se trata de patrimônio da humanidade. Passou a mesma sensação de quando conhecemos Pesto e seus impressionantes templos gregos, no sul da Itália e o Monastério de Mont Serrat, entre Zaragosa e Barcelona, na Espanha. Uma visita que vale a pena.

Conhecida a Borgonha, hoje viemos mais para o sul, para a região do Ródano e dos Alpes Franceses, que promete muito. Estamos em Bour-en-Bresse, conhecida por seu frango de appellation contrôlée, como se fosse um vinho raro. Provamos no jantar, acompanhado de um branco da borgonha, mas não vimos nada diferente dos nossos tradicionais francos assados no rolete. Mas, o que nos chamou atenção para virmos para cá foi a sua Abadia de Bourg, o monumento histórico mais visitado da França. Isso, todavia, é história para amanhã. Hoje o blog bombou com cerca de 110 acessos. Obrigado pela companhia. Beijos. Narcísio e Dirlei.

Esta e as próximas 09 fotos retratam vistas de Dijon






Vista parcial da Praça da Liberation, em meia-lua, em Dijon

O blogueiro, diante do Palais des Ducs, em Dijon


A presente foto e as 07 seguintes referem a Beaune e seu impressionante Hôtel de Dieu








A presente foto e as cinco seguintes mostram um pouco de Dole, a cidade do encontro de três grandes rios, o Doubs, Ródano e Reno






A presente foto e as seguintes, mostram a grande aventura da usina de sal, em Arc-et-Senans, patrimônio da humanidade





5 comentários:

  1. Oi, amigos
    Na postagem de ontem finalmente uma foto da Dirlei! Coisa rara, segundo disse a Ju em comentário de viagem anterior!
    Continuo no banco de trás do possante!
    Grande abraço, do Zucco.

    ResponderExcluir
  2. Amigos,

    A viagem, como era de se esperar, está magnífica.
    As fotos bem retratam as belezas ricamente narradas e, pelo visto, os "deuses"dos viajantes estão mesmo por aí, até porque a previsão do tempo aqui por Floripa não é muito animadora.
    Continuaremos acompanhando vocês!
    Abraços.

    ResponderExcluir
  3. E volta a chover em Floripa, com tudo!
    Mas ver fotos ensolaradas sempre dão uma alegria aos olhos.
    A região visitada realmente é linda! Adorei as fotos meus amores!
    beijocas

    ResponderExcluir
  4. Il y a déjà beaucoup de choses à voir dans le blog! On peut donc profiter de tous les beaux photos et aussi des histoires avec trop de détails.
    Et le français, comment ça se passe, Narcisio?!
    Bonne continuation et n'oublie pas de retourner aux cours à Wizard!
    Thays - Wizard

    ResponderExcluir
  5. Oi Narcísio e Dirlei. Qdo acabarem a viagem convido p/ fazer um "Cruzeiro" por Laurentino. Entrem no facebook e vejam como está à frente da nossa casa. Uma enchente de 3mt. Aqui em casa foi até o 11 degrau da escada. Continuamos aqui, pois tem saída pelos fundos, mas é calamidade total. A Escola está com água até à metade das janelas, com tudo dentro. Qdo baixarem as águas é que começarão os trabalhos. Beijos. Flávia e Zinho

    ResponderExcluir