quarta-feira, 9 de março de 2011

Carnaval 2011 no Parador da Montanha - Rio dos Cedros-SC

Seguidores e Seguidoras.

Por indicação de amigos e buscas de informações na internet, resolvemos passar o carnaval nas serras de Rio dos Cedros, às marges do Lago Pinhal, formado por uma represa para geração de energia elétrica. Por recomendação da Zanza, proprietária do Hotel junto com o maridão Bubi, resolvemos seguir pelo trajeto via Pomerode, ao invés de Timbó, já que segundo ela, tinha paisagens mais bonitas, fato que se confirmou. Saímos sábado, dia 5, pela manhã, de modo a chegar em Pomerode na hora do almoço, onde queríamos degustar sua tradicional comida alemã. Nada melhor para isso do que o  não menos tradicional Restaurante Sielertal. Música alemã e nas paredes posters de cidades alemãs, familiares da gente já que, em duas viagens já conhecemos a Alemanha de norte a sul, leste a oeste. Nos chamou atenção uma foto da cidade de Bonn, numa tomada da universidade e seu gramado ao fundo onde, numa tarde de sábado nos sentamos e ficamos a apreciar os universitários fazendo seus trabalhos sentados no gramado, outros namorando, outros deitados, enfim,  um resumo da juventude estudantil alemã. Na mesma foto. próximo da universidade, uma bela praça onde sentamos numa "mesa de pista" para apreciar o movimento, fazer fofoca e degustar linguiça com pão, acompanhado de alguns chopps que desceram redondo. Quem passar por lá, pode conferir. Nesse clima, degustamos marreco recheado com todos os seus acompanhamentos além de uma saborosa sobremesa.


Bem alimentados e preparados para a subida da serra, saímos de Pomerode em direção a Rio dos Cedros. A paisagem era bucólica, com pequenas propriedades de agricultores, casa em estilo germânico, pequenas comunidades com a Igreja se destacando no cenários, verdes pastos bordejando montanhas ao fundo.  Poucos kilômetros por uma estrada estreita, mas asfaltada e em boas condições, chegamos em Rio dos Cedros, típica cidade pequena, de colonização alemã e italiana, com seu casario baixo de classe média, não sendo visível qualquer sinal de pobreza. De passagem, nada de interessante que mereça destaque.


Seguindo a sinalação "Região dos Lagos", em poucos minutos saímos da cidade de Rio dos Cedros, em direção ao Lago Pinhal, onde às suas margens, iríamos nos hospedar no Parador da Montanha. A estrada sem pavimentação, com alguns trechos em péssimas condições em virtude das chuvas, nos descortina uma cenário exuberante. No início margeando um rio, que achamos seja o Dos Cedros, com muitas corredeiras, algumas de nível 4,  correndo entre enormes pedras, algumas pequenas quedas e cachoeiras, pequenas comunidades aqui e acolá, uma ponte coberta e florida onde há uma homenagem a um dos filhos da Zanza e do Bubi que perdeu a vida feliz fazendo rafting naquelas convidativas corredeiras.  Depois começa uma íngreme subida, com curvas tipo serra dos Rio do Rastro, por entre vales e montanhas magestosas, num cenário deslumbrante que vale a pena ser conhecido. À certa altura depara-se com um grosso duto que desce montanha abaixo, que coleta a água da represa que por gravidade vem gerar energia em duas usinas localizadas na base da montanha. Quase 900 metros de altitude e a estrada começou a descortinar os lindos lagos formados pela represa, formando diversas ilhas, baias, penínsulas, nada parecendo uma represa, mas sim um lago natural.


Nas encostas do lago, diversas mansões e casarões, com jardins gramados e floridos dando no lago, formando uma paisagem européia, de propriedade de abastados da região e dos estados vizinhos, especialmente do Paraná, que descobriram este paraíso escondido e ali se estabeleceram, munidos de anzóis,  lanchas, iates, jetskies, para desfrutar intensamente tudo o que o lago oferece.


Finalmente, escondida numa das curvas da estrada, nos deparamos com a entrada do Hotel Parador da Montanha. Por entre árvores e um gramado finalmente chegamos no hotel, debruçado sobre o lago. Estacionamos o carro na portaria e, mal entramos no hotel, fomos recebidos de braços aberto pelo Bubi (Aldo) (daqui a pouco explicarmos porque tanta intimidade), numa recepção que nos fez sentir como se fossemos alguém da família que não o visitava há muito tempo e que estava retornando ao lar. Registro de entrada, que nada. Fomos pegos pelo braço e levados até uma cafeteira onde nos foi servido um café quentinho, água e tudo mais que dois viajantes recém chegados precisasse. Um papo gostoso sobre a viagem e outras amenidades o Bubi nos levou até o bar, que depois soubemos, também era a portaria e lá, degustando um saboroso licor de figo produzido na região, fomos apresentado à Zanza (Alexandra), sua esposa, que também nos recebeu com um forte abraço, sorriso largo, muito espansiva, dizendo que era para nos sentir em casa. Em seguida, fomos apresentados ao Marco, filho do casal e à Priscila, nora, tão simpáticos quanto os proprietários. Papo vai, papo vem, entre uma risada e outra eis que surgiu a ficha de registro do hotel, onde inclusive fomos intimados a deixar o endereço deste blog porque eles, tanto quanto nós, também adoram viajar. Segundo a Zanza, teríamos muito o que conversar a respeito durante a nossa estada, para trocarmos figurinha, e foi o que efetivamente ocorreu.


Depois de muita conversa, achamos que mais de meia hora depois, fomos guiados pelo Marco até a Cabana Arquitetura, onde iríamos ficar. Como vocês verão pelas fotos, por fora parece aquelas casas antigas, de madeira envelhecida, vegetação crescendo nas telhas, típico de casas do interior, de quem vive na roça. O seu interior é bem amplo, com várias ambientes num só. Uma ótima em ampla cama,  uma saleta de leitura com mesa e cadeiras, lavabo na sala, dois ambientes, um para banho e outro para o vaso sanitário,  depois um ambiente mais baixo onde fica um sofá e a banheira. Para o lago abre-se uma porta que dá numa varanda onde tem uma hidromassagem para um banho tendo o lago como cenário.  Não esperem, todavia, muito luxo. Ao contrário, tudo muito rústico e simples, sem muito requinte. 


Todo o resto do hotel, suas áreas comuns, de estar, restaurante, piscina, etc., tudo bem decorado, mas simples e rústico. Quanto ao atendimento, é feito quase que esclusivamene pelos quatro membros da família antes destacados, com suporte de uns poucos funcionário, especialmente na cozinha. Por isso, não esperem por gaçons uniformizados, barman, cardápio  e carta de vinho na mesa, etc. O ambiente é realmente familiar. Você se sente como se estivesse de visita na casa de parentes, tanto que tanto você pode estar sentado na mesa com a família, como eles podem estar na tua mesa. Essa maneira de ser toma conta de todos os hóspedes que se motivam a conversar  com todos ali presentes, tanto que mantivemos contato e conversamos longamente com quase todos que lá se encontravam. O clima é tão familiar que você, por vezes é pego tirando a louça da mesa e levando para a área de levação, a família jantando e você só avisa que está indo pegar uma água, uma cerveja, um vinho, no bar, arrumar a cama quando o serviço de quarto tarda ou não vem, e assim por diante, Tudo isso parece natural. É a marca do hotel. Tem que entrar no ritmo e a família te coloco nele naturalmente, tamanha a informalidade e intimidade que se estabelece entre ela e os clientes. Nunca tínhamos visto nada igual.


A COMIDA: Simples, sem requinte, mas muito saborosa e bem feita. Um dia tem carreteiro, com cupim assado e costela, outro, três tipos diferentes de massas e molhos, outro carne de panela, com purê de aipim, sempre uma sopa antes do jantar, outras vezes polenta com galinha, só para terem uma idéia. No final, sempre uma sobremesa saborosa. Repetimos, tudo bem feito e saboroso.
O café da manhã é simples e até espartano. Apenas um tipo de suco,  dois tipos de frutas, sucrilho e granola com um iogurte natural, poucas opções de tortas. O suficiente, todavia, para bem alimentar-se.
Toda tarde, por volta das cinco da tarde, é servido café e chá com um bolo e dois tipos de cucas. Um charme para o final de tarde, especialmente para os dias nublados, frios, e um tanto chuvosos que passamos lá.


BEBIDAS: boas cervejas e um boa carta de vinhos e variedade de água e refrigerante, nada ficando a desejar, pela proposta do hotel, neste particular.


OPÇÕES DE LAZER: Não há TV nem internet disponíveis, salvo computadores dos proprietários do hotel. É política, no sentido de que todos  aproveitem o que o hotel tem de melhor, a natureza ao seu redor. Há opções de trilhas para caminhadas e bike, tanto que havia no hotel um pessoal de Curitiba que veio com suas bikes para conhecer a região. Via hotel, você pode-se contratar uma pescaria e passeio de barco pelo lago. Na segunda-feira, tempo firme e com sol,  fomos pegos por um barco, num precário porto quase embaixo da varanda da nossa cabana e junto com uma senhora e seus dois filhos, fomos conhecer todo o Lago Pinhal. Muitas ilhas, casas, hotéis e clubes nas margens, três quedas d'água, a maior e mais bela, com difícil acesso, primeiro por uma escada íngreme, sem ancoradouro para o barco, e depois uma estrada enlameada. Uma pena, já que é uma queda  alta com abundância de água.As fotos darão uma idéia do passeio. Percorrido todo o lado, conduzidos pelo barqueiro, seu Antônio, de 77 anos mas firme e parecendo mais jovem, fomos levados até sua casa, na beira do lago, onde no ancoradouro fomos recebidos por sua esposa, que nos fez entrar, mostrou todo o interior da casa, inclusive a suite do casal, com sacada para o lago, uma capela e várias engenhosidades interessantes criadas pelo seu Antônio para dar funcionalidade para a casa, como um barril que, ao mesmo tempo, rodando-se-o vira um pequeno bar e abrindo-se-o, entra-se numa espaçosa adega. Depois disso houve uma degustação de licores, produzidos pela dona da casa, Enilde se não nos falha a memória, um mais delicioso que o outro, destacando-se o de Figo, de laranja e o de ameixa. Depois disso, quase bêbados, provamos  os mais variados sabores de geléias caseiras. Também ali, nos mesmo clima do hotel, nos sentimos em casa.  Um passeio que recomendamos.


IMPRESSÃO FINAL: Para quem gosta de natureza, de simplicidade, de ambiente familiar, de boa comida caseira e de informalidade e calor humano, é um prato cheio. Não é para quem quer um hotel tradicional, com serviçais sempre à disposição, sofisticação ou coisa parecida. Adoramos a experiência e recomendamos dentro dos padrões acima descritos.


Paisagem do Lago Pinhal




Mostra da vegetação que margeia o lago

Paisagem do Lago Pinhal
Maior cachoeira às margens do Lago Pinhal
Residência do barqueiro Antônio
Vista do Hotel Parador da Montanha, desde o Lago Pinhal
Cabana Arquitetura, onde ficamos hospedados

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